A desembargadora do Trabalho Adenir Alves da Silva Carruesco, do estado de Mato Grosso, enfatiza a importância de uma nomeação representativa no Supremo Tribunal Federal (STF) e encoraja o presidente Lula a fazer uma escolha que reflita a diversidade do Brasil. Para Adenir, que é uma mulher negra e de origem humilde, a indicação deve ser guiada pela visão de construir uma corte que atenda às necessidades da população brasileira e seja um símbolo de igualdade e representatividade.
A desembargadora, que recebeu apoio de órgãos do estado de Mato Grosso, como a OAB e a Câmara Municipal de Rondonópolis, para concorrer à vaga no STF, enfatiza que as cortes superiores ainda não refletem a diversidade do país. Ela acredita que a seleção para a vaga no STF deve considerar não apenas o notório saber jurídico, mas também a pluralidade da população.
Adenir destaca que apenas 19% das cortes superiores são ocupadas por mulheres, apesar de elas representarem 51% da população. Ela enfatiza que a diversidade é apoiada por princípios constitucionais e tratados internacionais e que o STF, como a mais alta instância jurídica do Brasil, deve ser um exemplo de representatividade.
O STF, ao longo de sua história de 132 anos, teve 171 ministros, mas apenas três eram mulheres, e nenhuma delas era negra. Atualmente, Cármen Lúcia é a única mulher no tribunal, que conta com nove ministros no total.
Adenir Alves da Silva Carruesco se coloca à disposição para a nomeação ao STF, enfatizando que sua prioridade é promover a inclusão, quebrando barreiras invisíveis para permitir que mais pessoas alcancem o sucesso, especialmente alunos de escolas públicas que enfrentam desafios socioeconômicos.
A desembargadora vê a importância de ser um modelo para jovens negras que muitas vezes não têm representantes nos cargos de poder e destaca que a diversidade de experiências e origens é essencial para encontrar soluções eficazes para os problemas do Brasil. Adenir Alves da Silva Carruesco tem cerca de 30 anos de experiência na magistratura e, em dezembro, assumirá a presidência do TRT da 23ª Região, tornando-se a primeira mulher negra a ocupar esse cargo.
Sua jornada no serviço público começou aos 18 anos, após enfrentar o preconceito em uma tentativa de emprego em um banco. Esse episódio a levou a buscar oportunidades onde fosse reconhecida por sua capacidade, não pela cor de sua pele. Adenir se tornou juíza substituta em 1994 e, em 2020, foi promovida a desembargadora do Trabalho, tornando-se a primeira mulher negra a ocupar essa posição. Ela enfatiza a importância do apoio de sua família e da luta contra a discriminação em sua trajetória, destacando o papel fundamental de seus pais, que não frequentaram a escola, em sua educação e formação acadêmica.