Durante a Semana do Meio Ambiente, deputados de Mato Grosso criticaram fortemente a atuação do governo estadual na proteção das reservas ambientais. Em sessão realizada no Salão Negro da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), parlamentares destacaram tanto o desmatamento quanto as leis que, segundo eles, ameaçam a preservação das áreas naturais no estado.
O deputado Valdir Barranco, do PT, mencionou o caso do fazendeiro Claudecy Oliveira, acusado de desmatar ilegalmente mais de 81 mil hectares no Pantanal utilizando agrotóxicos. “É um fracasso. Não há política de meio ambiente em Mato Grosso. Temos passado por grande vexame nacional, com crimes cometidos debaixo do nariz do governador. Basta ver o que ocorreu em Barão de Melgaço, onde 81 mil hectares de mata foram destruídos de maneira criminosa”, criticou Barranco.
As críticas ocorreram na quarta-feira (5), Dia Mundial do Meio Ambiente. Barranco, que também é biólogo, apontou falhas na fiscalização de atividades garimpeiras no estado. “Não há sequer um cuidado com a legislação ou com a ação administrativa do governo. A Sema, se existe, é para prejudicar os pequenos”, afirmou.
Na mesma semana, a Assembleia Legislativa aprovou em primeira votação um projeto de autoria do deputado estadual Dilmar Dal Bosco (União). A proposta modifica o Código Estadual do Meio Ambiente, permitindo que a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema-MT) autorize a realocação de reservas legais dentro do mesmo imóvel rural para atividades agropecuárias, desde que a nova área possua condições ambientais semelhantes ou melhores.
No entanto, o presidente da Assembleia, deputado Eduardo Botelho (União), expressou sua discordância com o projeto, que permite a realocação de reservas legais para exploração agropecuária. Botelho comparou o texto ao PLC 64/2023, que autorizou a realocação para fins de mineração, e destacou: “Esse projeto não é bom. Já fizeram um para área de mineração. Eu acho que cria a possibilidade de você pegar uma área e trabalhar ela 100%. Eu não acho que isso é legal e acredito que não vai ser aprovado”.
Em resposta às críticas, o governador Mauro Mendes (União) defendeu as ações do estado e anunciou a criação do Fundo de Apoio às Florestas, denominado “Fundo Amigos da Floresta – 3F”. O projeto de lei permitirá que o governo receba doações para a criação, regularização e manutenção de parques e unidades de conservação em Mato Grosso. “Aposto se vai aparecer alguém para meter dinheiro nesse fundo. Nós queremos preservar, mas vamos fazer do nosso jeito, respeitando a lei brasileira”, afirmou Mendes.
A criação do fundo é uma tentativa de responder aos ambientalistas, que frequentemente criticam a gestão ambiental do estado. Mendes enfatizou que o estado está fazendo o “dever de casa” e que o novo fundo permitirá maior proteção e conservação das florestas de Mato Grosso.