A Capital Nacional do Agronegócio avançou mais etapa na ação de reconhecimento da Situação de Emergência provocada pela constância e intensidade das chuvas nos últimos 45 dias. No “status” do processo no Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID), já está confirmada a homologação do processo pela Defesa Civil estadual.
A próxima fase é buscar o “Ok” da Defesa Civil em esfera federal para o decreto 482/21, emitido pela Prefeitura de Sorriso no dia 11 e que institui a Situação de Emergência em Sorriso. A concordância da instituição nacional com o documento municipal vai garantir, tanto ao poder público, quanto aos produtores rurais, uma ferramenta para desburocratizar processos e renegociar contratos.
O decreto emitido pela Prefeitura e referendado pelo Estado estima os prejuízos em cerca de R$ 1,5 bilhão para o setor privado e em R$ 850 mil para o setor público. O documento não só torna menos complexo o processo para recuperação da infraestrutura logística, por dispensar a necessidade de licitação para recuperar pontes, estradas e promover outras obras para restaurar os cenários afetados pela chuvarada, como também garante aos produtores a oportunidade de renegociar contratos e dívidas.
A informação do aval da Defesa Civil do Estado foi divulgada pelo site G1MT, que destacou ainda que os municípios de Itanhangá, Feliz Natal e Vera também garantiram a homologação. O coordenador de Proteção e Defesa Civil (Compdec) de Sorriso, Fábio dos Santos, que, junto ao secretário de Agricultura e Meio Ambiente (Sama), Marcelo Lincoln, capitaneou o processo em Sorriso, segue prestando apoio aos municípios vizinhos de Nova Ubiratã, Santa Carmem e Ipiranga do Norte, que vivem situações semelhantes e também devem emitir seus decretos em breve.
O excesso de água não só atingiu as lavouras de soja no momento de colher e transportar os grãos, como igualmente trouxe perdas para a agricultura familiar, impactando diretamente o abastecimento, por exemplo, de hortaliças para o programa municipal Mesa Saudável, que distribui alimentos a famílias em situação de vulnerabilidade social, assim como para a merenda escolar.
Ainda no “agora”, o aguaceiro que segue caindo em Sorriso, também trouxe danos às estradas vicinais, seja levando pontes, criando atoleiros ou mesmo abrindo buracos nas estradas. O prefeito de Sorriso, Ari Lafin, reforça que, com as vicinais nesta situação, nem só quem produz e transporta sofre, mas também os alunos que precisam sair das fazendas para estudar na cidade. Outra questão delicada que traz preocupação extra é o transporte de pacientes para Sorriso, visto que o Município é referência no atendimento em saúde para 14 municípios da região. E tudo isso em um momento em que o mundo todo enfrenta a pandemia da Covid-19.
Quando se pensa no “depois”, a situação pode trazer outras consequências igualmente desanimadoras para a economia de Sorriso. É que, com a enxurrada na colheita da soja, o plantio da safra de milho, que ocorre de maneira simultânea, também foi prejudicado, tanto pelo excesso de água na terra, quanto pela perda da janela do ciclo produtivo da planta.
“Nossa expectativa é que, com a homologação do processo em todas as esferas, possamos ter essa ferramenta de negociação indispensável para atravessarmos este período”, analisa o titular da Sama, Marcelo Lincoln.