Uma infinidade de projetos voltados à preservação ambiental foram desenvolvidos e apoiados pelo Programa REM Mato Grosso (do inglês, REDD para Pioneiros) ao longo de 2021. As ações foram tocadas por meio de quatro subprogramas que atuaram no combate ao desmatamento e no financiamento a projetos de sócio-sustentabilidade aos agricultores familiares, extrativistas, produtores rurais (soja e gado), povos indígenas e comunidades tradicionais, a exemplo dos ribeirinhos e quilombolas.
“Foi um ano complicado, ainda marcado pelas limitações da pandemia de Covid-19. Nesse contexto, foi um grande desafio executar os projetos na ponta. Mas, com muita vontade e superação da equipe, conseguimos beneficiar as pessoas que mais precisavam e manter a floresta em pé. Ao fim de 2021, a sensação é de dever cumprindo”, ressalta Lígia Vendramin, a coordenadora geral do Programa REM MT.
Nesta retrospectiva, a reportagem separou em tópico algumas das principais ações e projetos do REM MT em 2021. Confira:
Embaixadores europeus acompanharam de perto os resultados
Em abril, a coordenação do REM MT recebeu a visita dos embaixadores dos países que financiam as ações do Programa.
Heiko Thoms (Alemanha) e Peter Wilson (Reino Unido) conheceram de perto como os recursos estão mudando a vida de agricultores e extrativistas familiares da região amazônica de Mato Grosso. Já em Cuiabá, eles se encontraram com o governador do Estado e visitaram a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT) para conhecer a tecnologia da constelação de satélites, adquirido pelo REM MT, que monitora em tempo real toda a cobertura vegetal de Mato Grosso, no combate ao desmatamento das florestas.
“Foi muito importante ver as coisas de perto, não apenas no papel”, resumiu Peter, o embaixador do Reino Unido, que foi até a cidade de Alta Floresta (cerca de 800 km de Cuiabá) conhecer o trabalho dos extrativistas para o beneficiamento da Castanha do Brasil, projeto que é apoiado pelo REM MT.
A visita também contou com os embaixadores dos Estados Unidos, Todd C. Chapman e Ignácio Ybanez, da União Europeia.
Presença marcante na COP 26
Outro grande acontecimento em 2021 foi a participação do programa na Conferência das Nações Unidades sobre as Mudanças Climáticas de 2021 (COP26), que ocorreu na cidade de Glasgow, na Escócia, entre 31 de outubro e 12 de novembro.
Lígia Vendramin, coordenadora geral do REM MT, destaca que a COP26 foi a oportunidade de mostrar ao mundo as transformações promovidas pelo REM em Mato Grosso, além de firmar futuras parcerias para a continuidade das ações estruturantes do Programa.
Ela destaca que em muitas ocasiões durante a COP26, o REM MT foi citado como referência de preservação ambiental pelos governos de Mato Grosso, Federal e principalmente pelos atores internacionais, a exemplo de Maggie Charnley do Departamento de Negócios, Energia e Estratégia Industrial do Reino Unido (BEIS), que é um dos financiadores do Programa REM MT.
“Isso nos mostrou que, apesar de todas as dificuldades, estamos no caminho certo. Que o investidor tem essa consciência e percepção dos avanços para manter a floresta em pé. Que esses esforços estão sendo vistos e reconhecidos lá fora [do Brasil]”, disse a coordenadora do REM MT.
Plantios em homenagem às vítimas de Covid
Um dos momentos mais emocionantes do ano para a coordenação do Programa aconteceu a partir de uma série de plantio de árvores para homenagear as vítimas de Covid-19 em Mato Grosso.
A ação, ao todo, ocorreu em 75 municípios que, com o apoio do REM, plantaram cerca de 10 mil mudas em terrenos escolhidos pelas prefeituras dessas cidades. Terrenos que se tornaram verdadeiros memoriais para as famílias que perderam seus entes queridos.
“Nós queremos homenagear as nossas vítimas plantando uma árvore com o nome de cada uma delas e estabelecendo um espaço onde os familiares possam fazer a visitação e acompanhar o crescimento dessas mudas e ter um momento de reflexão também”, enfatizou Ivete Mallmann, secretária de Meio Ambiente de Sinop, a 500 km ao Norte de Cuiabá.
Fortalecimento das instituições de combate ao desmatamento Em 2021, o subprograma Fortalecimento Institucional do REM MT reforçou ainda mais o seu papel de estruturar os órgãos de fiscalização de combate ao desmatamento e aos incêndios florestais no Estado. Nesse sentido, os setores da fiscalização dobraram a atuação/produtividade após os investimentos realizados pelo setor.
Um exemplo disso foram as Diretorias de Unidades Descentralizadas (DUDs) da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT).
As compras de equipamentos de escritório, locação de veículos, repasse de diárias, bem como aquisição de tablets e drones, fizeram as unidades aumentar a produtividade em mais de 280% na aplicação de multas por ilícitos ambientais.
Para Franciele Nascimento, coordenadora do subprograma, “o principal avanço em 2021 foi o trabalho cooperado entre os diversos órgãos/setores de fiscalização, articulado pela Gerência de Planejamento de Fiscalização e Combate ao Desmatamento/SU. Os trabalhos desta gerência são alimentados principalmente pelo Planet, sistema de monitoramento por satélite em tempo real do desmatamento no Estado, que é custeado pelo REM”.
Investimento na agricultura familiar e comunidades tradicionais
Foram 22 projetos e cerca de 8,5 mil famílias da agricultura familiar atendidas durante 2021. Mais de R$ 32 milhões em investimentos. Os números, por si só, mostram a relevância do subprograma Agricultura Familiar de Povos e Comunidades Tradicionais para produção sustentável e preservação das florestas de Mato Grosso.
“Mas, acima de tudo, as ações ajudaram a transformar a realidade social de quem realmente precisava”, destaca Marcos Balbino, coordenador do subprograma.
Foi o que aconteceu com o pequeno produtor de banana José Borges, de 58 anos, da cidade de Carlinda, no extremo Norte de Mato Grosso, a 760 km de Cuiabá.
Lá, a chegada do REM permitiu acesso aos insumos e técnicas de extensão rural para melhorar a terra sem a utilização de agrotóxicos. O resultado disso é que sua propriedade deve dobrar a produção de bananas para o ano que vem.
“O fato do projeto ter arcado com as despesas iniciais, isso pra mim foi muito bom. Eu tenho esperança que esse plantio de banana vai me dar um bom salário, um sustento para minha família”, comemora o produtor.
Suporte aos indígenas e seus territórios
Mesmo enfrentando o segundo ano de pandemia de Covid-19, o subprograma Territórios Indígenas não deixou de fazer acontecer os projetos no chão da aldeia em 2021. Para se ter uma ideia, cerca de R$ 9 milhões foram investidos na saúde comunitária, no enfrentamento ao novo coronavírus, na segurança alimentar e no combate aos incêndios florestais nos territórios indígenas no estado.
Essas ações chegaram, por exemplo, às 20 famílias da aldeia Divina Providência, na Terra Indígena Xavante de São Marcos, Nordeste de Mato Grosso. A comunidade recebeu diversas ferramentas e sementes para abrir as roças de toco, que são feitas nos quintais de cada família. Elas já começaram a plantar as sementes de arroz, feijão, milho, abóbora e melancia. Alimentos que irão garantir a segurança alimentar dessas pessoas.
“Elas vêm me dizer que agora não faltará comida na comunidade, e que a cada ano eles irão fortalecer mais e mais a produção pra sempre ter estoque grande e segurança alimentar”, disse Pio Xavante, ponto focal da Federação dos Povos e Organizações Indígenas do Mato Grosso (regional Xavante).
Ainda dentro do eixo segurança alimentar, em abril deste ano, o subprograma distribuiu 3.397 cestas básicas, que atenderam 14 povos indígenas, mais de 3 mil famílias da região Norte e Médio Araguaia do estado.
Marcos Ferreira, coordenador do Subprograma Territórios Indígenas (STI) avalia que a execução dos projetos em 2021 “transpassaram o caráter emergencial e se converteram em atividades estruturantes”.
Alcançando uma produção mais sustentável
Em 2021, o subprograma Produção, Inovação e Mercado Sustentáveis seguiu firme com o objetivo de colaborar com uma produção mais sustentável das principais commodities que movimentam a economia de Mato Grosso: pecuária de corte, soja e madeira tropical.
No eixo pecuária, 1300 pequenos e médios proprietários da região Noroeste foram beneficiados com projetos de Ater [Assistência Técnica e Extensão Rural] da Empaer-MT, financiados pelo REM MT.
Além disso, através da contratação da empresa Agro-Ícone pelo subprograma, foi possível realizar o diagnóstico de oito URTs [Unidades de Referência Técnica], também na região Noroeste. O diagnóstico foi feito pelos técnicos da Empaer, com a possível restauração ecológica dessas unidades, prevista para o início de 2022.
Já o destaque no eixo de Manejo Florestal Madeireiro foram os ajustes realizados no Sisflora 2.0 [Sistema de Comercialização e Transporte de Produtos Florestais], com previsão de finalização para a segunda quinzena de janeiro do ano que vem. O Sisflora é um sistema que tem como objetivo auxiliar e controlar a comercialização e o transporte de produtos florestais no Estado.