Cultura do estupro faz vítima ser mais punida que o autor, diz delegada

Fonte: OLHAR DIRETO

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Foto: Rogério Florentino Pereira/OD

“A cultura do estupro faz com que uma vítima de uma violência sexual seja mais punida que o autor do estupro”. Essa é a fala da delegada Jozirlethe Magalhães Criveletto, titular da Delegacia Especializada de Defesa da Mulher em Cuiabá. O termo é usado para abordar as maneiras em que a sociedade culpa as vítimas e normaliza o comportamento violento dos homens.

“Ainda vivenciamos a cultura do estupro, que faz com que a vítima tenha medo de denunciar. Por exemplo, uma mulher vai em uma festa, bebe algo alcoólico. Muitas vezes não é a bebida alcoólica que vai fazer que ela fique dopada, é o remédio, substância que foi colocada naquela bebida”, explica a delegada.

“Mas depois que ela acorda e percebe que alguém a violentou, ela começa a se sentir culpada por ter tomado aquele gole de cerveja. Ela começa a pensar que os próprios familiares e amigos não vão acreditar nessa história. Ou seja, é a cultura do estupro que faz com que uma vítima de uma violência sexual seja mais punida que o autor do estupro”, salienta.

Na maioria dos casos, as vítimas procuram a polícia após um longo período da violência sexual. “Ela passa a se questionar se vai ser desacreditada. Depois de um tempo conversando com amigos, familiares que dão força para a vítima, ela começa a entender que precisa tomar uma postura, decidir denunciar. Tem muito isso de mulheres que procuram a polícia depois de uma semana, um mês. Todas as vezes que você pergunta ‘qual é o motivo?’, ela diz ‘é o medo de chegar aqui e ser vista como mentirosa, de ser julgada, de não acreditarem que realmente fui dopada e não que eu estava bêbada voluntariamente'”, acrescenta.

Ainda conforme a delegada, os casos mais comuns de denúncia imediata são aqueles cometidos por homens desconhecimentos, ocasiões que ocorrem até mesmo sequestros. “É muito difícil ter uma vítima que acabou de ser violentada sexualmente e corre para delegacia. A não ser aqueles casos tradicionais de um terceiro, nunca visto, um sequestro que leva para lugar ermo”, finaliza.

Sou Dayelle Ribeiro, redatora do portal CenárioMT, onde compartilho diariamente as principais notícias que agitam o cotidiano das cidades de Mato Grosso. Com um olhar atento para os eventos locais, meu objetivo é informar e conectar as pessoas com o que acontece em suas cidades. Acredito no poder da informação como ferramenta de transformação e estou sempre em busca de trazer conteúdo relevante e atualizado para nossos leitores. Vamos juntos explorar as histórias que moldam nosso estado!