A Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) inaugurou o presépio natalino que integra a programação comemorativa dos 55 anos da instituição, no câmpus de Cuiabá. A obra, aberta à visitação da comunidade acadêmica e do público em geral, foi concebida como uma experiência sensível e reflexiva, unindo arte, arquitetura, espiritualidade e conhecimento.
Para a reitora da UFMT, a abertura do presépio simboliza a abertura da universidade para todas as pessoas que integram a sociedade mato-grossense, contemplando todas as religiões, fés e tradições.
“O espaço foi pensado para ser um local de reverência, não apenas a Deus, mas também a todos aqueles que acreditam em um futuro melhor, em dias mais justos, na igualdade social e na justiça social. Esses valores dialogam diretamente com a mensagem do nascimento de Jesus, que anuncia a esperança, o amor e a paz como princípios permanentes para a convivência humana”, destacou a reitora.
O presépio foi desenvolvido por estudantes do curso de Arquitetura e Urbanismo, sob coordenação do professor Luiz Claudio Bassam, no âmbito da disciplina Meios de Expressão Visual. De acordo com o docente, a proposta rompe com a representação tradicional do Natal ao priorizar símbolos universais e personagens do cotidiano, em vez de figuras bíblicas clássicas.
“A ideia foi provocar uma reflexão sobre o espírito do Natal, sem necessariamente reproduzir imagens consagradas. Trabalhamos com a luz como elemento central, entendida tanto como caminho para a espiritualidade quanto como caminho para o conhecimento”, explicou o professor.
A instalação propõe ao visitante um percurso simbólico, que representa o antes e o depois do encontro com a luz. Ao longo desse caminho, a experiência sugere transformação, introspecção e conexão com valores humanos essenciais. “Existe um momento do encontro com a luz, e a partir dele algo se transforma. É também uma metáfora para a luz interior, algo que sentimos faltar nos dias atuais”, destacou Bassam.
Cultura, extensão e vivência
Para a pró-reitora de Cultura, Extensão e Vivência da UFMT, Lisiane Pereira de Jesus, a inauguração do presépio representa um encerramento simbólico da programação comemorativa e reafirma o papel da Procev na articulação de ações culturais que dialogam com a identidade e os valores da universidade.
Segundo a pró-reitora, após oito anos sem a montagem do presépio no câmpus, a retomada da iniciativa ganha ainda mais relevância por ter sido construída de forma coletiva, com a participação de professores e estudantes do curso de Arquitetura. Para ela, esse processo expressa o que caracteriza a universidade pública: a integração entre ensino, cultura e vivência comunitária.
Lisiane destacou o forte simbolismo da obra, que reverencia elementos da fauna do Pantanal e adota uma abordagem que não se restringe a uma religião específica. De acordo com ela, essa escolha dialoga com o princípio da laicidade da universidade, que deve acolher diferentes fés e tradições. Nesse contexto, a luz assume papel central ao representar a fé em seu sentido mais amplo, independentemente de crenças religiosas.
A pró-reitora ressaltou ainda que ações como essa refletem o compromisso da Procev com uma política cultural plural, acessível e integrada à formação acadêmica. Segundo ela, o planejamento para 2026 já está em andamento e prevê novas iniciativas culturais em diferentes linguagens artísticas, ampliando o diálogo entre a universidade e a sociedade.

Conceito e materialidade: luz, percurso e bambu
Segundo o professor Luiz Claudio Bassam, o presépio foi concebido como uma obra arquitetônica efêmera, capaz de comunicar ideias por meio da forma, da luz e da materialidade. O bambu é o principal material utilizado na estrutura e foi escolhido tanto por suas características físicas quanto por seu significado simbólico.
“O bambu é um material extremamente resistente e versátil, mas ainda pouco valorizado na construção civil brasileira. Ele não faz parte da indústria tradicional nem do comércio em larga escala, e justamente por isso quisemos evidenciar sua potencialidade”, afirmou.
O uso do bambu também dialoga com a produção acadêmica da universidade, ao demonstrar que é possível alcançar qualidade estética e ousadia formal a partir de materiais simples. “A proposta mostra que não é preciso recorrer a soluções convencionais. É possível trabalhar com materiais acessíveis e, ainda assim, construir uma linguagem arquitetônica ousada e com valor estético”, ressaltou o professor.
O processo de criação envolveu debates conceituais em sala de aula, pesquisas teóricas e a organização dos estudantes em equipes responsáveis por diferentes etapas do trabalho. O resultado é uma instalação coletiva que articula ensino, experimentação e expressão artística.
“O presépio não é apenas para ser visto, mas vivido. Ele convida as pessoas a percorrerem esse caminho e refletirem sobre a luz como algo que ilumina todas as pessoas, independentemente de religião”, concluiu Bassam.
























