A agressão contra uma médica dentro da UPA Morada do Ouro, em Cuiabá, provocou forte reação do Conselho Regional de Medicina. O órgão considerou o episódio “inadmissível” e avalia interditar eticamente a unidade se forem confirmadas falhas de segurança reportadas pelos profissionais.
O caso ocorreu na manhã de quinta-feira (21), quando a profissional, de 36 anos, entrou na sala de medicação após ouvir gritos e acabou sendo atacada com tapas, socos e arranhões. A roupa dela foi rasgada durante a confusão, e a médica ficou com marcas no braço e hematomas no ombro.
Atendimento desvia para tumulto
Segundo informações do CRM-MT, a situação começou pouco antes das 11h30, quando uma mulher de 32 anos, portadora de transtornos psiquiátricos, chegou à unidade conduzida por uma equipe do Samu. Ela estava emocionalmente abalada, chorava muito e aguardava encaminhamento para o Caps.
A sala de medicação estava cheia, e a equipe pediu que apenas acompanhantes de idosos e crianças permanecessem no espaço. A orientação gerou desentendimento imediato. A paciente avançou contra uma técnica de enfermagem de 50 anos, xingando e tentando agredi-la, mesmo após ser contida rapidamente pelo marido.
Foi nesse momento que a médica entrou na sala para tentar acalmar o ambiente. A mulher conseguiu se desvencilhar e partiu para cima da profissional. A cena, descrita pelo Conselho como grave e preocupante, reacendeu discussões internas sobre a falta de proteção nas unidades de saúde.
Fiscalização e possível interdição
De acordo com o CRM-MT, uma fiscalização será realizada na UPA na próxima semana para verificar se há condições mínimas de segurança para o exercício da medicina. Caso sejam encontradas irregularidades, o plenário votará a possibilidade de interdição ética — medida que suspende temporariamente a atuação dos médicos para preservar pacientes e profissionais.
O Conselho reforçou que recebe relatos frequentes de violações das prerrogativas dos profissionais na rede municipal, incluindo episódios anteriores registrados na própria UPA Morada do Ouro. A entidade também destacou que este é o segundo caso de violência contra médicos na capital apenas nesta semana.
O órgão cobrou ainda que a Secretaria Municipal de Saúde cumpra as determinações da Resolução 2.444/2025, do Conselho Federal de Medicina, que estabelece medidas obrigatórias de segurança nas unidades públicas.
Segundo o CRM-MT, a situação será acompanhada de perto, e todas as providências cabíveis serão adotadas para evitar novas ocorrências. A entidade afirmou que a integridade dos profissionais e a qualidade do atendimento continuam como prioridade.
As informações são do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso.

















