O caminhoneiro José Vieira Simiano, 75, é uma nova pessoa desde que superou a Covid-19, após passar 30 dias internado no Hospital Referência (antigo Pronto Socorro), tendo passado cinco dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde precisou respirar com ajuda de ventilação mecânica.
“Esse troço me pegou e eu tive uma experiência maravilhosa muito grande na minha vida. Primeiro, porque Deus me deu vida. A gente não pode pensar o contrário porque a minha vida mudou materialmente e mudou espiritualmente. Eu hoje sou outro homem no trabalho, na minha casa, no falar com as pessoas. A mudança foi fabulosa, grande mesmo!”, afirma.
Em segundo lugar, ele agradece aos médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem e toda a equipe do Hospital Referência, onde foi tratado com muito carinho. “Foi um povo que cuidou demais de mim, como se eu fosse um recém-nascido, como uma criança”.
José Simiano conta que, ao longo de sua vida, nunca teve o hábito de demonstrar carinho, vivia apressado e preocupado com o trabalho, não se importava com comemorações. Foi no hospital que ele afirma ter comemorado seu aniversário pela primeira vez, aos 75 anos, no dia 12 de maio. Ele foi surpreendido com um bolo decorado, presentes e muita comemoração por parte da equipe de profissionais da saúde, que inclusive fizeram videochamada para seus familiares, para que também pudessem compartilhar daquele momento marcante.
“Eles não deixam o paciente se sentir sozinho nenhum minuto. Eles ligavam todo dia para dar notícias do meu pai, fizeram videochamada com a família no aniversário dele. Ele foi tratado com muito carinho, além do profissionalismo, desde a médica até a zeladoria”, afirma o caminhoneiro Carlos Alberto Simiano, 53, filho do senhor José.
A família vive em Rondonópolis e dependia dessas ligações para ter notícias sobre o estado de saúde do patriarca. Mesmo para quem tem parentes na cidade, durante esta pandemia e por conta do risco de contágio, não estão sendo feitas visitas presenciais aos pacientes internados com Covid-19.
No dia em que recebeu alta médica, em 15 de maio deste ano, José Simiano foi novamente presenteado com o carinho e comemoração da equipe do Hospital Referência. Como já virou tradição nesta pandemia, ele passou por um corredor formado pelos profissionais que seguravam balões e o ovacionavam, felizes por sua recuperação. “Simplesmente um caminhoneiro ter o privilégio que eu tive de ser recebido por aquele povo, de ser atendido e de ser despedido com palmas, com cânticos, pra mim, foi a coisa mais gloriosa do mundo”, relembra.
Alguns dias depois de voltar para casa, Simiano já estava na estrada com seu caminhão. Quando concedeu entrevista, estava em Brasileia, no Acre, divisa com a Bolívia. “Se eu não trabalhar, acho que vou morrer mais depressa. Eu não conheço alguém mais apaixonado por caminhão do que eu”, diz.
A reflexão que fez da vida após contrair a Covid-19 e o tratamento humanizado que recebeu no Hospital Referência transformaram seu dia-a-dia. Hoje ele se considera um motorista mais prudente, sem pressa, mais educado e amoroso com as pessoas e com vontade de aproveitar mais a família, rever irmãos que moram longe. “Eu fiz coisas que nunca havia feito, falei o que nunca havia dito. Eu não dava valor à vida. E a vida é maravilhosa!”.
Da mesma forma como comemorou pela primeira vez o aniversário, José Simiano este ano quer ter um dia dos pais diferente também, ao lado da esposa, dos filhos – Rosângela, Carlos e Jaumi – e dos netos e bisnetos. “Eu vou dar muito valor. Pode ser que esteja em casa, vou lutar para estar”.
Apesar de idoso, José Simiano não tem comorbidade, o que ele acredita que tenha favorecido para sua recuperação. Segundo ele, nunca passou pela cabeça que iria sucumbir à doença pois sempre manteve a fé. E este é o conselho que ele dá para todos que estão passando pela mesma situação que ele enfrentou. “Todo aquele que tiver essa doença, não tenha medo. Tenha fé em Deus e pratique a sua fé”.