Com foco na acessibilidade do dia a dia das pessoas que caminham por Cuiabá e utilizam transporte público, mais de 20 pesquisadores vão coletar dados sobre estes espaços para mapear dificuldades na microacessibilidade, o acesso à infraestrutura urbana por parte da sociedade. A pesquisa está sob a responsabilidade de professores e alunos do curso de Engenharia de Transportes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e também da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Para saber mais do trabalho um perfil está disponível na rede social Instagram.
A professora Juliana Chegury, do curso de Engenharia de Transportes, Câmpus Universitário de Várzea Grande, coordenadora do projeto, explica que o projeto de pesquisa intitulado “Diagnóstico e análise da microacessibilidade em bairros de Cuiabá, MT” será para realizar o levantamento das condições das calçadas, ciclovias, sinalização viária e instalações de transporte público em bairros selecionados. O começo do projeto será em bairros próximos da UFMT, com a meta de expandir outros bairros na busca por dados relacionados a largura, continuidade de piso, presença de obstáculos, rampas, árvores, entre outros.
“A ideia de projeto surgiu por uma questão muito particular. Meu falecido pai, que trabalhou na secretaria de obras da minha cidade natal em Minas Gerais, era inconformado com as condições das calçadas e da falta de cuidado do poder público com relação aos pedestres. Como sou formada em Arquitetura e Urbanismo, na Engenharia de Transportes, trabalho com as disciplinas de Urbanismo e Planejamento e Mobilidade Urbana e Transporte Sustentável. Propus o projeto de pesquisa para que os alunos pudessem ver a situação de perto e entender a importância desses estudos”, ressalta a professora.
Projeto busca conscientizar sobre acessibilidade
O projeto coleta informações sobre calçadas, bem como condições das sarjetas, bocas de lobo, presença de interceptores nas vias e limpeza urbana. “A expectativa que a gente tem com o projeto é de conscientizar a população da importância das calçadas. A Constituição nos garante o direito de ir e vir, a caminhabilidade como primeiro passo que a gente dá independente da modalidade de transporte que a gente vá utilizar acessa ele a partir das calçadas e o caminhar”, enfatiza a professora Juliana Chegury reforçando a necessidade de chamar a atenção do poder público mostrando aos alunos também a realidade das ruas de Cuiabá.
A docente explica que o bairro Boa Esperança, vizinho ao Câmpus da UFMT em Cuiabá, já foi mapeado. Outro bairro que está prestes a ter a coleta concluída é o Jardim Renascer e os próximos bairros a passarem pelo mapeamento são o Jardim Itália, Jardim das Américas, avançando para outros bairros além da Avenida Fernando Corrêa da Costa. “A gente vai analisar os resultados e o que a gente espera é montar um documento, como diagnóstico, para protocolar junto aos órgãos públicos. Vamos publicar artigos com os dados que estamos coletando. É realmente uma questão de conscientização que queremos fazer”, conta.
Interação com outras universidades
O projeto conta com uma parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A parceria é resultado do trabalho conjunto com as professoras da UFMT; Cinthia Brigante, Isabella Martins e Juliane Bender e a professora Marina Baltar, da UFRJ. “A professora Marina Baltar era docente no curso de Engenharia de Transportes da UFMT e foi para a UFRJ na Coppe (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia). A gente trabalhava em parceria com as disciplinas para a mobilidade urbana”, explica a professora Juliana Chegury.
O trabalho iniciou antes de 2020, mas com a pandemia de Covid-19 o trabalho foi interrompido. “Tivemos de interromper porque não podia expor os alunos a fazer coleta de dados nas ruas e agora estamos retomando com uma ênfase maior na parceria que estamos fazendo. A professora Marina sempre foi parceira na área de mobilidade urbana e acessibilidade”, destaca.