Cuiabá em 2070, um futuro árido e urgente nas páginas do livro “Estéril” de Bruno Álvares

Fonte: Assessoria

Em 2025, a editora Izyncor lança “Estéril”, romance de estreia do escritor e advogado Bruno Álvares. Com 450 páginas, a obra projeta um futuro distópico em Cuiabá, no ano de 2070, onde uma catástrofe climática torna o solo do Centro-Oeste brasileiro irreversivelmente estéril, forçando milhares de pessoas a migrarem em busca de sobrevivência.

A narrativa acompanha Daniel, um técnico em ar-condicionado de 32 anos, que aguarda há meses na fila da prefeitura de Cuiabá para obter um visto humanitário e conseguir evacuar a cidade junto ao pai idoso, vítima de um acidente que o deixou impossibilitado de caminhar. A rotina desesperadora da fila se interrompe com um atentado terrorista, mergulhando Daniel em uma conspiração que envolve exploração de refugiados e um movimento clandestino de unificação do que restou do Brasil.

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Bruno Álvares, natural de Goiânia e residente em Cuiabá desde 2002, utiliza sua experiência na região para explorar temas contemporâneos de forma especulativa. Em “Estéril”, ele combina alerta ambiental e crítica social, abordando colapso climático, separatismo, xenofobia e desigualdade, enquanto constrói um enredo que mistura tensão, política e relações humanas. Sobre a inspiração da história.

“A questão ambiental, eu acho que tem uma dimensão muito pessoal aí, porque se trata dos meus medos. Sempre me atormenta a ideia de pensar que um dia pode ser muito caro ou impossível viver aqui, por conta do calor. Esse sentimento foi o que eu traduzi nessa história”, afirma ele afirma.

O livro se desenrola majoritariamente em Cuiabá, mas também transita por São Paulo e Budapeste, refletindo o impacto global das migrações forçadas. Bruno explica que sua experiência internacional serviu como referência para retratar a xenofobia e os desafios enfrentados por refugiados.

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“Eu trouxe esse aspecto, que eu acho muito relevante, mas também trago ele para a nossa realidade quando a gente pensa como que os sulistas e o pessoal do Sudeste tratam os nordestinos, que eles já são refugiados climáticos a alguma medida, e como que eles vão nos tratar se a gente tiver que migrar com necessidade”, detalha o autor.

Bruno contou que escrever foi uma transformação pessoal e literária. Como advogado, percebeu que tem muitas autoexigências e nunca acha que está bom o suficiente, descobrindo que produzir literatura exige foco na empatia e na dimensão humana, e isso acabou melhorando muito o trabalho com os clientes.

Inicialmente, o advogado elaborou o livro com uma escrita mais rebuscada, incluindo notas de rodapé e períodos longos, mas percebeu que precisava tornar o texto mais fluido e acessível.

“Depois eu comecei a reescrever tudo, fui tirando e limpando o texto, deixando só aquilo que era parte da história mesmo, porque o que eu queria escrever é uma literatura de entretenimento, mas acredito que consegui passar o que eu queria”, argumenta o escritor.

O enredo de “Estéril” explora ainda dilemas pessoais do protagonista. Daniel precisa decidir entre proteger seus pais ou arriscar um novo relacionamento, e suas escolhas refletem a complexidade das decisões humanas frente a crises coletivas. Bruno destaca a profundidade desses conflitos.

“Ele teria que deixar os pais dele aqui. E aí ele fez essa opção, que foi uma opção pensando nos pais, mas também ele tinha muito receio de embarcar num relacionamento e construir uma família no cenário de tanta incerteza”, conta Álvares.

O lançamento do livro em Cuiabá foi bem recebido, com exemplares esgotando rapidamente na Livraria Leitura. O livro pode ser adquirido no site da editora Izyncor, no site da Amazon ou diretamente com o autor pelo Instagram @b.alvaresvilela. Segundo ele, a intenção é provocar emoções, reflexão e entretenimento.

“O livro é uma literatura que eu fiz com o propósito de, lógico, entreter, envolver, provocar inflexõe Eu acho que ler, e gostar de literatura tem que ser prazer, tem que se apaixonar pela história, se empolgar com ela”, finaliza o autor.

Com “Estéril”, Bruno Álvares entrega um romance que mescla ficção especulativa, tensão dramática e crítica social, projetando o leitor para um futuro árido e perturbador, mas surpreendentemente próximo da realidade. A obra é uma viagem entre o medo pessoal do autor, a urgência ambiental e a complexidade das escolhas humanas em um mundo à beira do colapso.

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Jornalista formado (DRT 0001781-MT), atua no CenárioMT na produção de conteúdos sobre política, economia, esportes e temas do agronegócio em Mato Grosso. Com experiência consolidada na redação e apuração regional, busca entregar informação clara e contextualizada ao leitor. Aberto a pautas e sugestões. Contato: [email protected] .