As queimadas que devastam o Pantanal de MT e áreas da Chapada dos Guimarães há vários dias, aliadas aos incêndios urbanos que transformaram a capital em um caldeirão nesta quarta-feira (12), fizeram a cidade amanhecer cinzenta nesta quinta (13), encoberta pela fumaça.
Por volta das 5h as luzes da cidade eram quase que apagadas pela fuligem e pela fumaça tóxica que pairam no ar. As 6h o sol aparecia no céu em tom avermelhado, num cenário de filme apocalíptico.
Cuiabá, encravada em uma depressão, com menos de 200 metros acima do nível do mar, cercada por paredões, nesta época do ano se transforma em um verdadeiro caldeirão.
Para piorar, não há a menor chance de chover nos próximos dias e a umidade do ar fica em alarmantes 12%, igual ao deserto do Saara.
O maior responsável pela situação de hoje é o incêndio ocorrido na avenida Helder Cândia (Guia), que consumiu grande área de cerrado e ameaçou invadir condomínios da região.
Os bombeiros, com ajuda do helicóptero do Ciopaer, retiraram água do lago artificial do Brasil Beach Resort para conter as chamas que, por pouco, não atravessaram os muros do local. O fogo foi criminoso, já que até a grama das rotatórias foi consumida.
A queimada se estendeu pela Rodovia do Contorno, que dá acesso à MT-251, ao bairro Santa Rosa e à região dos Florais, onde fica o movimentado Aeroporto do Grupo Bom Futuro, que ficou fechado, com as chamas próximas à cabeceira da pista.
Os bombeiros pedem para que as pessoas tenham mais consciência e não provoquem queimadas na mata e muito menos urbanas.
Na noite de ontem, no bairro Santa Rosa, um terreno ao lado de posto de gasolina ardia em chamas e o risco de uma tragédia era iminente (veja vídeo). O governo do estado emitiu nota e estabeleceu multa pesada para quem for pego fazendo queimadas.
“Quem cometer esse crime vai pagar caro”, disse o governador Mauro Mendes. MT já aplicou este ano cerca de R$ 700 milhões em multas.
A previsão mais otimista de chuva na região é para final de setembro. Até lá, o cuiabano terá que conviver, além do calor acima dos 40 graus, com a sensação de estar morando dentro de uma panela de pressão prestes a explodir.