Mato Grosso, o estado brasileiro que mais sofre com incêndios florestais, enfrenta uma grave crise em seu Corpo de Bombeiros. Com uma defasagem de efetivo superior a 60% em relação ao previsto em lei, a corporação tem dificuldades para atender à demanda crescente por combate a incêndios, principalmente durante a seca.
De acordo com dados oficiais, o estado possui apenas 1.464 bombeiros militares, enquanto a lei prevê um efetivo de 3.980. Essa falta de profissionais se reflete diretamente na linha de frente, onde apenas 200 bombeiros estavam combatendo 44 incêndios simultaneamente na última quinta-feira. A situação se agrava ainda mais quando se considera a vasta extensão territorial de Mato Grosso, com 901 mil quilômetros quadrados.
A falta de efetivo tem consequências diretas para a população e para o meio ambiente. Com apenas 24 dos 142 municípios contando com uma unidade fixa do Corpo de Bombeiros, a maior parte do estado fica desprotegida em caso de emergência. Além disso, a concentração de bombeiros na Baixada Cuiabana deixa regiões como o Pantanal e a Chapada dos Guimarães mais vulneráveis.
A situação é ainda mais crítica quando se compara o número de bombeiros por habitante e por área. Enquanto o padrão internacional recomenda um bombeiro para cada mil habitantes, em Mato Grosso a proporção é de um bombeiro para cada 739 quilômetros quadrados.