Crianças órfãs de feminicídio: o lado mais cruel da violência contra a mulher em Mato Grosso

Fonte: CENÁRIOMT

o lado mais cruel da violência contra a mulher em Mato Grosso
o lado mais cruel da violência contra a mulher em Mato Grosso

Um retrato cruel da violência contra a mulher em Mato Grosso é revelado por um estudo da Polícia Judiciária Civil (PJC). A pesquisa mostra que, entre janeiro de 2023 e junho de 2024, 102 crianças e adolescentes ficaram órfãos de suas mães em decorrência de feminicídios. Em casos ainda mais chocantes, seis crianças perderam tanto a mãe quanto o pai no mesmo dia, após os homens cometerem o crime e, em seguida, tirado a própria vida.

A pesquisa também revela um perfil dos feminicidas: 71% deles já tinham antecedentes criminais, incluindo casos de violência doméstica, tráfico de drogas, roubo e furto. Apesar disso, 63% das vítimas não possuíam registros de ocorrência de violência doméstica contra seus parceiros.

A ineficácia das medidas protetivas é outro ponto alarmante. Em 2023, mais de 16 mil mulheres em Mato Grosso solicitaram medidas protetivas de urgência, mas 2.893 agressores descumpriram as ordens judiciais. Em 2024, o número de medidas protetivas concedidas já ultrapassa 8 mil, com mais de 1.500 casos de descumprimento.

O uso do botão do pânico, um dispositivo que conecta a vítima diretamente com a Polícia Militar, também não se mostrou suficiente para garantir a segurança das mulheres. Em 2023, mais de 5 mil mulheres utilizaram o botão do pânico, mas ainda assim foram vítimas de violência.

O estudo evidencia a necessidade de ações mais efetivas para combater a violência contra a mulher em Mato Grosso. É preciso investir em políticas públicas que promovam a igualdade de gênero, empapoderem as mulheres e garantam a punição dos agressores. Além disso, é fundamental fortalecer as redes de atendimento às vítimas de violência doméstica, oferecendo apoio psicológico, jurídico e social.

A violência contra a mulher é um problema complexo que exige uma resposta multidisciplinar. É preciso envolver diversos atores, como governo, sociedade civil e setor privado, para construir um futuro livre de violência para as mulheres e suas famílias.

Redatora do portal CenárioMT, escreve diariamente as principais notícias que movimentam o cotidiano das cidades de Mato Grosso. Já trabalhou em Rádio Jornal (site e redação).