O corpo do cacique Aritana Yawalapiti, de 71 anos, uma das maiores lideranças do Alto Xingu, foi transladado nesta quinta-feira (6) de Goiânia (GO) para Gaúcha do Norte (MT), até a aldeia Yawalapiti, onde foi sepultado. O corpo chegou na aldeia por volta de 13h30.
O líder indígena morreu vítima da Covid-19 nessa quarta-feira (5), em um hospital da capital goiana, onde estava internado na UTI havia duas semanas, segundo a sobrinha dele, Kaiulu Rodarte Kamauyrá.
Aritana estava em casa com a família quando começou a sentir os primeiros sintomas. O líder fez o teste para Covid-19, que acusou que ele estava infectado.
No dia 19 de julho, ele foi internado em uma UTI em Canarana, a 838 km de Cuiabá. Dias depois, Aritana foi transferido para continuar o tratamento em Goiânia. O estado dele passou de grave para gravíssimo no dia 29 de julho.
Liderança indígena
Aritana Yawalapiti assumiu a liderança do Alto Xingu por volta 1980. Participou da criação do Parque Nacional do Xingu na década de 1960. Ele era um dos últimos falantes do idioma tradicional de seu povo. Foi um grande defensor da luta pela preservação da cultura, do território, dos direitos dos indígenas e deixa um legado de resistência para os indígenas de todo país.
Cacique desde os 19 anos, ele era um dos mais antigos e respeitados líderes da região.
Nas redes sociais, muitos representantes indígenas e instituições falaram da falta que Aritana fará a todos. Nas mensagens, eles exaltam a luta dos povos indígenas e como o cacique sempre fez parte dela.
Segundo as publicações em homenagem a Aritana, novas lideranças devem surgir inspiradas na sabedoria dos ensinamentos de anciãos como ele.
Entre as mensagens em honra à vida e história de Aritana, está a escrita nas redes sociais do neto do cacique Raoni Metuktire, Patxon Metuktire:
“Quando morre um cacique, a comunidade perde um líder. Quando morre um mestre e um ancião, é um livro cheio de informações que se fecha para sempre”.