O ano de 2023 registrou uma série de conflitos de terra em Mato Grosso, envolvendo disputas por territórios, recursos naturais e exploração de trabalhadores, impactando mais de 20.660 pessoas. Os dados foram revelados no relatório de Conflitos no Campo Brasil, divulgado recentemente pela Comissão Pastoral da Terra (CPT).
O relatório compila informações obtidas por meio de dados, documentos e boletins de ocorrências ao longo do ano, destacando os conflitos envolvendo trabalhadores rurais e populações de comunidades tradicionais.
Entre as denúncias de trabalho análogo à escravidão, o relatório destaca o resgate de cinco trabalhadores rurais em duas propriedades. Um dos casos ocorreu em Cáceres, enquanto os outros quatro trabalhadores foram encontrados em situação de vulnerabilidade em uma fazenda em Nova Xavantina, onde realizavam atividades de corte e carregamento de eucalipto.
Além dos resgates, Mato Grosso registrou pelo menos 51 denúncias de conflitos por territórios e disputas por recursos naturais ao longo de 2023. Embora esse número represente uma queda em relação ao ano anterior, quando foram contabilizados 147 conflitos, ainda assim é uma preocupação. Entre os casos reportados, a disputa por territórios afetou 3.057 famílias, sendo a cidade de Juína a mais afetada, com seis denúncias, a maioria delas em territórios indígenas. Comodoro e São Félix do Araguaia vêm em segundo lugar, com cinco denúncias cada.
Os conflitos relacionados à garantia e preservação de recursos naturais totalizaram oito denúncias, envolvendo desde o não cumprimento de regulamentações legais até a contaminação da água por agrotóxicos. Mais de 2.100 famílias foram afetadas por esses incidentes, destacando a importância de uma atuação efetiva das autoridades competentes para resolver esses problemas e garantir a segurança e os direitos das comunidades locais.