A comunidade indígena extrativista Zoró, no município de Rondolândia, região Noroeste de Mato Grosso, está mostrando que é possível produzir em grande escala com sustentabilidade. Após coletar 70 toneladas de castanha do brasil e revender para uma indústria carioca, a comunidade está dando mais um passo importante em suas atividades. Em meados de março, deve inaugurar uma fábrica de beneficiamento de castanhas do Brasil, o que vai potencializar ainda mais a produção dos indígenas, trazendo mais renda e qualidade de vida à etnia.
De acordo com Paulo Nunes, que é o coordenador geral do projeto Sentinelas da Floresta, da Associação de Desenvolvimento Rural de Juruena (ADEJUR), a fábrica terá 100 metros quadrados e contará com toda infraestrutura para que os indígenas beneficiem as castanhas que são coletadas em plena floresta amazônica, agregando ainda mais valor às amêndoas.
A ADERJUR foi a proponente do projeto Sentinelas da Floresta, financiado pelo REM MT (do inglês, REDD para Pioneiro). O Programa aportou recursos na ordem de R$ 1,4 milhão, que servirá para construir a fábrica e custear outras ações – dentro do projeto – que irão beneficiar a comunidade.
“A fábrica contará com equipamentos, como secador rotativo para castanha, autoclave, selecionador, quebrador de castanha automatizado e manual, balanças, embalador a vácuo e outros. E além da construção do prédio da fábrica e da compra de equipamentos, os recursos do projeto também serão destinados ao treinamento dos indígenas”, enfatiza Paulo.
Produto mais valorizado
Nunes explica ainda que os Zoró coletam a castanha de forma in natura e a comercializam para diferentes compradores. Mas, com a fábrica, esse processo será potencializado, valorizando a produção da comunidade.
Para se ter uma ideia, só na última remessa de vendas, a Cooperativa de Produção do Povo Indígena Zoró (COOPERAPIZ) conseguiu um valor de R$ 500 mil pelas castanhas in natura, a partir da coleta de 70 toneladas do produto, referente a safra mais recente iniciada em dezembro e que terminará no final de maio.
“Se a fábrica já estivesse funcionando esse valor de meio milhão subiria para, no mínimo, em R$ 800 mil, já que os Zoró iriam comercializar o produto beneficiado, ou seja, totalmente descascado,que acaba sendo a preferência das empresas especializadas nesse ramo”, destaca o coordenador da ADEJUR.
Fortalecimento das cadeias produtivas
A fábrica é apenas umas das metas do projeto apoiado pelo REM MT, que prevê em linhas gerais a estruturação e o fortalecimento das cadeias produtivas de valor da Castanha do Brasil e também do Babaçu na comunidade extrativista Zoró e em Juruena MT.
Somado à instalação da fábrica, o Sentinelas da Floresta estipula ainda apoio aos Zoró para a gestão e acesso a comercialização para mercados institucionais e empresariais da castanha.
“Esse apoio envolve 11 aldeias e 100 mulheres e homens na coleta, beneficiamento e comercialização em Rondolândia”, detalha o coordenador do projeto.
Apoio financeiro
Ao todo, o REM MT investe R$ 1,4 milhão no Sentinelas da Floresta, que faz parte da chamada de projetos 03/2020 do Subprograma Agricultura Familiar de Povos e Comunidades Tradicionais (AFPCTs) do Programa REM MT, e que serão investidos em quatro associações de base comunitária indígenas e de agricultores familiares da região Noroeste de Mato Grosso.