A Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura e Desporto da Assembleia Legislativa de Mato Grosso deu início, nesta segunda-feira (30), a um ciclo de debates com o objetivo de levantar sugestões para a melhoria da qualidade da educação pública no estado.
O presidente da comissão, deputado estadual Wilson Santos (PSDB), explicou que a iniciativa é uma retomada das discussões realizadas nos anos de 2015 e 2016, que resultou na elaboração de um diagnóstico acerca do ciclo de formação humana implantada na rede estadual de ensino e no apontamento de recomendações para corrigir as falhas encontradas no sistema.
As reuniões sobre o tema serão realizadas quinzenalmente e contarão com a participação de representantes do poder público, entidades de classe e sociedade civil. O relatório final dos trabalhos deverá ser entregue até março de 2022.
“Constituímos um grupo com pessoas muito capacitadas na área da educação pública e vamos iniciar o debate justamente sobre o ciclo de formação humana. Por que ele não está completo e quais elementos faltam para completá-lo? Nosso objetivo é focar na qualidade do ensino público no estado. Havendo qualidade no ensino, a grande consequência é a aprendizagem e não teremos mais alunos que terminam o ensino fundamental, o nono ano, e não sabem ler, escrever e nem fazer as quatro operações aritméticas”, declarou o deputado.
A secretária-adjunta de Gestão Educacional da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), Alcimaria Ataides da Costa, reconheceu que o ciclo de formação não atendeu às necessidades da educação e apresentou algumas das ações realizadas pelo Executivo em prol do desenvolvimento do ensino, como a criação de diretorias regionais em 15 polos do estado e a realização do programa Alfabetiza MT, cujo objetivo é garantir a alfabetização das crianças até o 2º ano do ensino fundamental.
A gestora informou ainda que o governo realizará uma avaliação dos alunos do segundo ano em outubro e outra nas escolas da rede municipal, na primeira quinzena de dezembro, para aferir as condições de aprendizagem dos estudantes.
O presidente do Conselho Estadual de Educação, Gelson Menegatti Filho, ressaltou a importância da qualificação dos profissionais da educação e de um bom gerenciamento das unidades escolares. Edemar Kamchen, coordenador da União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação (UNCME), destacou o envolvimento de líderes políticos, gestores e toda a comunidade, bem como a adoção de uma gestão democrática, como fatores essenciais para a melhoria da qualidade da educação.
A presidente da União Estadual dos Estudantes de Mato Grosso (UEEMT), Giovanna Bezerra, apontou a necessidade de reduzir os índices de evasão escolar na educação básica e garantir mais estrutura e acesso à internet de qualidade para estudantes do campo, quilombolas e residentes de territórios indígenas. Para Eduardo Ferreira da Silva, presidente da União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), o problema não é o ensino ciclado, e sim a forma como ele foi implementado.
O coordenador da Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação (ANFOPE), Kilwangy Kya Kapitango-a-Samba, afirmou que a ausência de políticas públicas de continuidade constitui o principal entrave para a melhoria da qualidade do ensino público. Valdeir Pereira, presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público (Sintep), defendeu que o estado foque suas ações em “desafogar as redes municipais” e reforçou a necessidade da implantação de uma política de estado, e não de governo.
Cronograma – Visitas a outros estados e municípios também estão previstas no cronograma de ação da Comissão de Educação, segundo o deputado Wilson Santos. “Onde houver experiências exitosas que qualificam a educação e aumentam a aprendizagem do aluno da rede pública, nós vamos buscar essa experiência”, frisou.
Também participaram da reunião Guelda Andrade e Maria Luiza Zanirato, membros do Sintep, e os deputados Valdir Barranco (PT), Gilberto Cattani (PSL) e Dr. João (MDB).