A questão das queimadas no estado de Mato Grosso foi o ponto de discussão da reunião ordinária remota da Comissão de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Recursos Minerais da Assembleia Legislativa realizada nesta segunda-feira (14).
Os destaques do encontro de hoje foram os incêndios no Pantanal (no município de Poconé, a cerca de 100 km da capital), que assustam os moradores de Cuiabá e Várzea Grande, duas cidades separadas pelo rio Cuiabá, mas que, nos últimos dias, foram tomadas pela fumaça, que escureceu as áreas urbanas. Não chove em Mato Grosso há mais de 100 dias.
Diante desse quadro caótico e preocupante, o presidente da comissão, deputado Carlos Avallone, convidou o diretor-adjunto operacional do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso e coordenador-geral do Centro Integrado Multiagências (Cima), tenente-coronel Dércio Santos da Silva, o senador Wellington Fagundes e a deputada federal Rosa Neide, além dos deputados membros da Comissão de Meio Ambiente, para expor propostas com o objetivo de intensificar os trabalhos contra as queimadas.
Após o depoimento dos três convidados, Avallone encaminhou um relatório para a equipe técnica solicitando três encaminhamentos para a Mesa Diretora da Casa.
O primeiro deles será para o presidente da empresa das Centrais Elétricas Furnas, engenheiro Luiz Carlos Ciocchi, pedindo a liberação de mais água da barragem de Manso para o Pantanal. Outro documento, para o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes, solicitando a participação do Exército brasileiro, com a disponibilização de homens para ajudar o Corpo de Bombeiros no combate ao fogo. E a terceira proposta é um pedido ao próprio Exército para ser encaminhado às Forças Armadas, pedindo recursos e melhor estrutura.
“Nós temos, no estado, o aproveitamento múltiplo do lago de Manso, para regular as águas do rio Cuiabá contendo as grandes enchentes, por isso entendo que liberar mais água para o Pantanal será importante e pode ser uma das saídas para conter o fogo”, disse Avallone.
O tenente-coronel iniciou suas colocações falando sobre como estão sendo as escalas de trabalho no campo de combate. Dércio Silva disse que há 43 equipes distribuídas em vários pontos estratégicos operacionais e com atendimentos.
“Estamos vivendo um período de dificuldades climáticas, com temperaturas acima de 40 graus centígrados e apenas 8% de umidade relativa do ar, além de ventos com mais de 50 quilômetros por hora. Isso tudo faz que o fogo se propague muito rápido nesta estiagem de mais de cem dias”, apontou ele.
Para ele, as condições são adversas, mas que, segundo o tenente-coronel, “não podemos admitir que não estamos fazendo nada, como vem sendo divulgado em algumas empresas de comunicação. Então, eu convido essas pessoas a passar um dia com minha tropa no Pantanal, em Chapada e Nobres para acompanhar nosso trabalho”, criticou ele.
O comandante do Corpo de Bombeiros ressaltou que toda investigação está sendo feita para localizar os focos de incêndios, assim sobre como começaram esses focos.
“Estamos constantemente reunidos com membros da Sema para apurar as causas. Precisamos dar uma resposta para a sociedade. Quem tiver interesse ou necessidade em conhecer o plano das estratégias que estamos tomando, pode procurar o Comando-Geral, que disponibilizamos”, comentou.
Neste ano, a perícia do Corpo de Bombeiros detectou por meio de fotos que o primeiro foco de incêndio na região pantaneira foi por causa de fumaça para espantar abelhas. “Lá no início, estava o ponto inicial do incêndio constatado inicialmente com uma dinâmica do fogo por intermédio de imagens de satélite. Depois, a perícia em campo vai validar essas informações geoprocessadas, comprovando as causas específicas”, explica ele.
Sobre focos de incêndios em áreas indígenas, o tenente-coronel argumentou que o Corpo de Bombeiros não pode entrar nessas terras sem a devida autorização da Funai.
“Há focos de incêndio iniciados nessas áreas também, mas precisamos de documentos da Funai para trabalhar naquelas localidades, até pela segurança do nosso efetivo”, apontou ele.
O senador Wellington Fagundes propôs a criação de leis com o objetivo de os deputados estaduais e federais trabalharem conjuntamente com o estado de Mato Grosso do Sul para enfrentar esse problema. “Hoje à tarde, estarei reunido com representantes da Secretaria de Segurança Pública em busca de soluções e recursos federais para resolver esse impasse. Essa iniciativa da Assembleia Legislativa é muito importante e mostra que estamos todos preocupados com a situação”, frisou Fagundes.
Ao final da reunião, Avallone pediu à equipe técnica que os projetos de lei serão apreciados no próximo encontro, programado para o dia 21 deste mês, quando serão analisadas dezessete proposituras.