O caminho percorrido pela droga é longo e sinuoso. Em função da grande extensão territorial e dos 700 km de fronteira seca com a Bolívia, Mato Grosso é utilizado como corredor para o tráfico de drogas ilícitas. Mas este é só o trajeto visível, pois a estrutura envolve também outras ramificações do crime organizado. No combate a esta prática, as forças de segurança do estado já apreenderam 4.601,60 kg de drogas entre janeiro e abril de 2020. O montante é 34% maior que o apreendido no mesmo período de 2019, que foi de 3.434,31kg.
Do total apreendido este ano, a maconha é a que apresenta maior volume. Foram 1.883,742 kg. Em seguida, está a pasta base, com 1.424,578 kg, depois a cocaína com 1.293,143 kg, e por último o crack, com 0,133. No comparativo entre 2019 e 2020, o maior aumento foi constatado na apreensão de pasta base, que saltou de 289,949 kg para 1.424,578 kg (391%). Os dados são da Superintendência do Observatório da Violência da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT).
Nesta sexta-feira (26.06), Dia Internacional de Combate às Drogas, o Grupo Estadual de Segurança na Fronteira (Gefron) conclui a participação em um movimento nacional, em apoio à Operação Hórus, realizada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP). A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1987. Durante toda a semana, houve intensificação do policiamento com barreiras de fiscalização e guarnições volantes na região de fronteira, visando à repressão ao uso de drogas. De forma integrada, os órgãos de segurança pública realizam ainda cumprimentos de mandados de prisão, entre outras atividades investigativas.
O Gefron, inclusive, tem papel relevante na quebra deste ciclo da droga. De janeiro a 23 de junho deste ano, o grupamento já apreendeu 3.782 kg de entorpecentes, 33% a mais que em 2019, quando foram apreendidos 2.837 kg. Segundo o comandante do Gefron, TC Fábio Ricas, o resultado é reflexo do apoio da Sesp às ações da unidade. “Nosso secretário de Segurança, Alexandre Bustamante, e o secretário adjunto de Integração Operacional, coronel PM Victor Fortes, tem priorizado nossas operações de fronteira, com disponibilização de recursos, principalmente por entender a importância das nossas atividades para segurança pública do estado”.
Ele destaca ainda o apoio recebido do Ministério da Justiça e Segurança Pública, com a inclusão de Mato Grosso na Operação Hórus. “Além da criação de uma força-tarefa entre o Gefron, Polícia Federal, Polícia Judiciária Civil (PJC-MT), por meio da Delegacia Especial de Fronteira (Defron), Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer), Força Aérea Brasileira (FAB) e unidades da Polícia Militar (PM-MT), que vêm atuando de maneira integrada e com ações de inteligência no combate ao tráfico internacional de drogas”.
Quadrilhas desarticuladas
O trabalho investigativo é importante não só para desarticular o tráfico de drogas diretamente, como também desestruturar os crimes que alimentam esta rede. O titular da Delegacia Especializada de Repressão a Entorpecentes (DRE), Vitor Bruzulato Teixeira, explica que a troca de informações com forças de segurança de outros estados e o trabalho de inteligência são primordiais.
“No caso da maconha, ela é adquirida no Paraguai e vem por Mato Grosso do Sul, então estamos em contato direto e recentemente apreendemos 600 kg de maconha em Ponta Porã, no mês de abril, em parceria com a Polícia Civil daquele estado, uma droga que viria para Cuiabá. Além disso, o trabalho operacional aliado à inteligência policial é fundamental, porque tratam-se de organizações criminosas que obtêm um lucro muito alto, infelizmente”.
O delegado acrescenta ainda que o apoio da sociedade com denúncias faz a diferença, e para isso estão disponíveis os disques 197 (PJC-MT) e o 0800 64 61 402 (Gefron). “As pessoas têm contribuindo muito com informações relevantes que nos levam a desvendar crimes relacionados ao tráfico, pois estão cansadas da violência que o uso de drogas provoca, alguns até capazes de tirar a vida de pessoas inocentes”.