Mais de 100 indígenas foram diagnosticados com Covid-19 após um encontro religioso realizado na etnia Zoró, em Rondolândia, a 1.600 km de Cuiabá, no fim do mês de junho. A região conta apenas com um médico, uma enfermeira e um motorista.
A etnia é formada por cerca de 700 índios espalhados em 32 aldeias.
Devido à falta de estrutura e assistência médica, a Associação do Povo Indígena Zoró lançou uma campanha para buscar doações em dinheiro para comprar insumos e equipamentos para atender os povos da região.
De acordo com o cacique Panderewup Zoró, uma idosa está intubada em estado grave em um hospital da cidade, e pelo menos oito indígenas estão em isolamento na Casa de Saúde Indígena (CASAI) de Ji Paraná (RO).
Panderewup disse ainda que a situação do CASAI é precária e não há profissionais especializados para atender os contaminados pelo novo coronavírus, pois a maioria está afastado também devido ao vírus.
Como é uma área afastada das cidades, a população encontra dificuldades para levar os pacientes para atendimento médico. São cerca de 300 km em estrada de chão para chegar até um hospital.
A ameaça, segundo a Associação, se estende aos cerca de 2,5 mil índios vizinhos das etnias Gavião, Arara e Cinta Larga, espalhados entre Mato Grosso e Rondônia.
O encontro
A Associação informou que o encontro, já previsto no calendário indígena em junho, reuniu índios de várias aldeias, o que teria causado a contaminação em massa.
Um comunicado feito pela Fundação Nacional do Índio (Funai), no dia 13 deste mês, retrata a situação vivenciada pelos indígenas frente à pandemia.
Conforme o documento, está sendo enviadas orientações sobre a prevenção para o novo coronavírus, mas as ações não têm sido suficientes.
“Reforçamos nossas orientações com intuito de impedir encontros e aglomerações neste período em que a pandemia estava em acensão nas regiões circunvizinhas, porém foi em vão, levaram adiante a inciativa e mantiveram a programação. Neste encontro, discutiram sobre as atividades religiosas e festas com calendário anual das aldeias, sendo afirmado que seriam mantidos os calendários das festas religiosas”, diz em trecho do documento.