O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) está conduzindo uma investigação sobre suspeitas de corrupção e nepotismo no Tribunal de Justiça de Mato Grosso. A apuração envolve familiares de um desembargador, que, de acordo com o CNJ, teriam sido nomeados para cargos de alto escalão sem exercerem funções efetivas.
O foco da investigação recai sobre os vínculos de uma mulher e um filho do desembargador com gabinetes de outros membros do tribunal. A esposa do magistrado ocupou o cargo de técnico judiciário entre 2017 e 2024, recebendo um salário de R$ 42,6 mil brutos, mas sem apresentar evidências de produção de trabalho. Já o filho, que ocupou o cargo de assessor técnico-jurídico no mesmo período, foi transferido para outro departamento em 2024, mantendo um vínculo ativo, mas com produtividade questionada.
Segundo o corregedor do CNJ, a prática investigada pode ser configurada como nepotismo cruzado, onde parentes são designados para funções em gabinetes distintos, sem desempenharem tarefas concretas. A análise das folhas de pagamento e dos registros de produtividade reforçou as suspeitas, com o filho do desembargador registrando apenas 25 atos administrativos em cinco anos e a esposa tendo apenas um ato vinculado ao seu nome.
O CNJ instaurou um processo administrativo disciplinar contra o desembargador e decidiu manter seu afastamento cautelar. Também foram abertas reclamações disciplinares contra os desembargadores envolvidos nas nomeações e a Procuradoria-Geral da República foi notificada sobre indícios de peculato e falsidade ideológica nos registros de desempenho dos servidores.
Até o momento, o CNJ não encontrou provas concretas de que os familiares do desembargador tenham realmente ocupado os cargos de forma irregular. A investigação ainda está em andamento, e as suspeitas se baseiam principalmente na falta de produtividade dos servidores, além das dúvidas sobre a efetiva atuação deles nas funções para as quais foram nomeados. A defesa do desembargador nega qualquer irregularidade e argumenta que não há evidências que comprovem o nepotismo ou o desvio de funções.