A cesta básica em Mato Grosso registrou leve aumento de 0,10% na segunda semana de dezembro, alcançando R$ 781,56, segundo levantamento do Instituto de Pesquisa e Análise da Fecomércio Mato Grosso (IPF-MT). Apesar da segunda alta semanal consecutiva, o indicador apresenta um resultado pouco comum: queda acumulada de 3,27% entre janeiro e dezembro de 2025 — comportamento inverso ao observado em 2024, quando o ano fechou com alta de 8,50%.
O maior custo médio do ano foi registrado em abril (R$ 841,13), enquanto o mais baixo ocorreu agora em dezembro, com R$ 781,17, consolidando o fim do período com a menor marca de 2025.
Variação anual é considerada “atípica” pela Fecomércio-MT
O presidente da Fecomércio-MT, Wenceslau Júnior, avaliou que o comportamento dos preços ao longo do ano fugiu totalmente do padrão observado nas séries históricas do IPF-MT.
“As variações observadas em 2025 foram atípicas, marcadas pelo crescimento no início do ano e pela retração no segundo semestre. Essa queda foi influenciada especialmente pelos alimentos de menor industrialização e pelos hortifrutigranjeiros, que puxaram os índices para baixo nos últimos meses.”
A análise reforça que o segundo semestre exerceu forte pressão de baixa sobre o conjunto dos alimentos básicos, o que garantiu o resultado negativo acumulado.
O CenárioMT cruzou séries trimestrais do IPF-MT e identificou três fatores centrais para a retração anual:
1. Safras mais regulares no segundo semestre
Embora o início do ano tenha enfrentado oscilações climáticas, a partir de agosto houve maior oferta de hortifruti e grãos essenciais, reduzindo preços sensíveis — principalmente feijão, arroz e algumas folhas.
2. Redução da demanda por alimentos mais caros
O setor de varejo aponta retração de consumo em alguns segmentos, com famílias priorizando itens mais baratos diante da queda de renda disponível.
3. Hortifruti com volatilidade abaixo do esperado
Historicamente, produtos como tomate e batata impulsionam altas abruptas no fim do ano. Em 2025, porém, o impacto veio menor — ainda que dezembro tenha registrado oscilações relevantes.
Esse conjunto ajudou a consolidar a cesta com queda anual, fenômeno que não se repetia nesse formato desde 2017.
Destaques da semana: tomate dispara, batata sobe e feijão cai
Tomate: +13,24%
Após cinco semanas de queda, o tomate subiu para R$ 4,72/kg.
Mesmo com o salto recente, ainda custa 8,02% menos que em 2024, quando era vendido a R$ 5,14/kg.
Segundo o IPF-MT, a entressafra reduziu a oferta em regiões produtoras.
Batata: +3,56%
O preço atingiu R$ 3,95/kg.
O fim de safra reduziu os volumes disponíveis e influenciou a alta.
Feijão: –2,47%
Com R$ 6,09/kg, o feijão segue beneficiado pela boa safra.
Alta oferta + demanda moderada = recuo consolidado no preço.
Mesmo com queda em 8 itens, cesta sobe por efeito dos mais voláteis
O IPF-MT identificou que 8 dos 13 itens da cesta básica caíram na segunda semana de dezembro.
Ainda assim, a cesta acumulou alta devido ao peso dos hortifrutis.
“Os aumentos concentrados em produtos de maior volatilidade foram suficientes para elevar o valor final da cesta”, explicou Wenceslau.
O Sistema S do Comércio — composto por Fecomércio, Sesc, Senac e IPF — acompanha o comportamento da cesta básica há mais de 15 anos em Mato Grosso.
O recuo registrado em 2025, segundo a entidade:
- melhora a percepção de alívio para famílias com renda até 3 salários mínimos;
- reflete menor pressão inflacionária no estado;
- pode influenciar decisões de consumo no início de 2026.
Historicamente, períodos de retração da cesta básica são seguidos por recomposição parcial no primeiro trimestre do ano seguinte — movimento que o IPF-MT deverá monitorar de perto.
Mato Grosso fecha 2025 com um dos cenários mais atípicos das últimas séries do IPF-MT: queda anual da cesta básica, mas com variações semanais ainda sensíveis a fatores climáticos e de oferta.
A combinação entre oferta elevada de grãos, retração no consumo e menor pressão dos hortifrutis consolidou um ano raro, que destoa do padrão inflacionário recente.





















