Divino Teodoro de Assis, 54 anos, é caminhoneiro há mais de 20 anos, pai de 3 filhos e atualmente mora com a esposa em Nobres. Durante muito tempo todos viajavam juntos. Ultimamente, mesmo com a número de viagens se mantendo o mesmo, Divino viaja e a família fica mais em casa. Durante o trajeto ele enfrenta diversos desafios e o mais atual deles é o coronavírus, responsável por mudanças significativas no dia a dia dos caminhoneiros.
“Nós não ficamos mais em grupo, no meio do ‘povão’. A regra agora é passar álcool gel com mais frequência e usar máscara diariamente. Tomamos cuidado com a imunidade, principalmente eu que já que tenho mais de 50 anos e certas complicações podem começar a aparecer. Estamos tomando todos esses cuidados para nos prevenir, sem esquecer nunca dos cuidados e atenção à segurança no trânsito”, afirmou Divino.
Os caminhoneiros são um dos grupos de trabalho que não parou durante a pandemia. São eles quem mantêm o abastecimento dos mantimentos e materiais de uso diário de municípios e cidades brasileiras. Todos tiveram que reforçar alguns cuidados com a segurança e principalmente com a higiene pessoal e do caminhão. Por isso alguns hábitos também mudaram durante a pandemia e outros tiveram que ser reforçados.
Os caminhoneiros, que trabalham com prazos limitados e horários de saída, passam a maior parte do tempo na estrada e expostos a diversas doenças. Durante o trajeto percorrido pelo transporte das cargas, eles estão tendo contato com todo tipo de pessoas, às vezes assintomáticas, na hora de fazer a troca da documentação, receber dinheiro e notas fiscais.
A gerente de Ações Educativas do Detran-MT, Rosane Pölzl, acredita que o trabalho dos caminhoneiros é importante para o estado, por isso faz algumas orientações referentes a paradas obrigatórias, para que os motoristas consigam chegar no destino com segurança.
“Os condutores do transporte de cargas são fundamentais para nosso país, pois nosso sistema de transporte é maioritariamente terrestre. No trânsito, eles devem conduzir priorizando a direção defensiva, que visa evitar ou ao menos amenizar as consequências de um possível acidente”, afirma Rosane.
Rosane acredita que uma viagem bem planejada, programando paradas seguras é de suma importância. “A cada 24 horas ele deve fazer 8 de descanso, e a cada 5 horas e meia ele deve fazer um descanso de meia hora; podendo ter um pouco de flexibilidade para que chegue a um local seguro”, destacou.
Segundo Rosane, dormir menos que as horas recomendadas podem trazer consequências ao motorista, aumentando os riscos de doenças cardíacas, diabetes, câncer e até obesidade, prejudicando também a imunidade. Tomar medicações para se manter acordado não é recomendável, mesmo tendo na maioria das vezes um prazo curto de entrega, trabalhar além do permitido pode colocar a vida de muitos em risco.
Cuidado com a higiene interna do caminhão
O estradeiro deve tomar cuidado com a higienização da cabine que deve ser realizada de forma contínua e diária a cada parada, principalmente por não saber dos riscos que irá enfrentar e qual o nível do contato que terá com outras pessoas durante a viagem. A limpeza deve ter como foco principais as partes mais tocadas com as mãos. É importante também manter o caminhão arejado para que o ar possa circular.
Atenção redobrada com a saúde
“As pausas para descanso, reidratação e para utilizar o banheiro são fundamentais para alongar o corpo, reidratar-se e aí vale lembrar que refrigerantes não devem substituir a água. Por trabalharem por horas, os rins ficam boa parte do dia pressionados, por isso é fundamental reidratar-se e alongar-se. Além disso é importante caminhar ao menos um pouco para melhorar a circulação sanguínea e diminuir a tensão que uma longa viagem pode causar”, disse Rosane.
Ela também ensina que os cuidados com alimentação devem ser prioridade. Alimentar-se bem garante um melhor desempenho durante o trabalho, por isso comer todos os nutrientes é tão necessário para realizar uma boa viagem.
A gerente de Ações Educativas do Detran-MT disse ainda que alguns motoristas tem o costume de pular o café da manhã, para começar logo o trabalho e chegar em seu destino mais rápido. “Essa atitude pode alterar as taxas de glicose e glicemia, fazendo com que o caminhoneiro coma em excesso durante o almoço, causando cansaço após a refeição. O profissional não pode esquecer que dirigir cansado ou com sono pode ser tão prejudicial a segurança quanto dirigir embriagado, tanto para si quanto para outro motorista. Os reflexos podem ficar prejudicados, afetando o tempo de reação e atenção do condutor”, disse.
Diversos fatores podem influenciar o desempenho do caminhoneiro, por isso ele deve ter em mente o objetivo de sua viagem, entender que existe um prazo limite de entrega, mas que sua saúde continua sempre em primeiro lugar. Se colocar em risco nunca será a melhor opção.