O líder do povo Kayapó, cacique Raoni Metuktire, 89 anos, segue internado em uma ala de isolamento do Hospital Dois Pinheiros, em Sinop, no norte do estado, sem previsão de alta. Raoni está internado desde sexta-feira (28) para tratamento da Covid-19.
O boletim médico divulgado nesta quarta-feira (2) diz que o cacique apresentou estabilidade.
Nessa terça-feira (1°), ele começou a fazer fisioterapia respiratória e suspendeu o uso do cateter nasal após apresentar arritmia leve.
Segundo os médicos Douglas Yanai e Fernanda Quinelato, Raoni reclamou de dores de cabeça e tomou analgésicos para controlar.
“Novos exames laboratoriais indicaram melhora e controle nas inflamações do coração. Amanheceu em bom estado geral, mas permanecerá internado em observação, em leito de isolamento e acompanhamento médico, sem previsão de alta”, informaram, em nota.
Internações
Na última sexta-feira (28), o cacique foi internado com diagnóstico de pneumonia pela equipe médica de sua aldeia, localizada no Parque Indígena do Xingu, no norte de Mato Grosso.
Passou inicialmente por exames laboratoriais e de imagem que indicaram Covid-19, já na fase inflamatória da doença. Raoni foi tratado com anticoagulante, corticoide e antibióticos, de acordo com o protocolo do hospital.
Em julho, o cacique já havia sido internado após passar mal, em um hospital de Colíder. Dois dias depois, ele foi transferido de avião para Sinop com complicações gastrointestinais e desidratação.
Segundo a direção do Instituto Raoni, o cacique apresentou um quadro depressivo após a morte da mulher dele, Bekwyjkà Metuktire, no dia 23 de junho, há um mês. Ela tinha diabetes e sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Raoni recebeu alta médica nove dias depois.
Histórico
O líder indígena é reconhecido internacionalmente pela luta que articula pelos povos indígenas. Em 1989, ele teve um encontro histórico com o cantor Sting durante o I Encontro dos Povos Indígenas do Xingu, em Altamira (PA).
Os dois se reencontraram em 2009 na cidade de São Paulo para conversar sobre a construção da Usina de Belo Monte.
Em novembro de 2012, Raoni foi recebido pelo presidente da França, François Hollande, no Palácio do Eliseu. Na ocasião, o cacique pedia a preservação da Amazônia e dos povos que vivem na região.
No ano passado, Raoni foi chamado pelo presidente Jair Bolsonaro de “peça de manobra” usada por governos estrangeiros para “avançar seus interesses na Amazônia”.
A declaração ocorreu após o cacique se encontrar com o presidente da França, Emmanuel Macron, em busca de apoio para a defesa da Amazônia.