Uma auditoria realizada pela Auditoria Geral do SUS (AGSUS) revelou que dezenas de pacientes foram submetidos ao tratamento de quimioterapia e procedimentos cirúrgicos sem necessidade, já que não tinham câncer. Os trabalhos foram feitos ano passado, durante análise do contrato firmado entre o Hospital Regional de Cáceres (HRC) e a empresa M.M.S. Serviços de Saúde LTDA-EPP.
Em 2012, 22 dos 25 prontuários do setor de oncologia do hospital não continham o resultado do exame anatomopatológico, procedimento que identifica a existência ou sinais de câncer. Um paciente teve parte ou totalidade do órgão retirado, possivelmente sem necessidade, já que seu exame não apontava células cancerígenas.
Também em nenhum destes havia prescrição de quimioterapia. No mesmo ano, foram realizados 22 procedimentos cirúrgicos, sendo que só quatro apresentavam resultado positivo para câncer no exame anatomopatológico.
No ano seguinte, foram analisados 194 prontuários, sendo que 28 pacientes passaram por cirurgia de retirada total ou parcial do órgão após o resultado do exame apontar a inexistência de câncer. Em nove casos, foi constatada a ausência do resultado do exame anatomopatológico.
Foram encontradas recomendações para o tratamento a 8 pacientes, correspondendo a um total de 78 sessões, sendo 10 por via oral e 68 por via endovenosa. Este montante não confere com a apresentada no relatório de produtividade da empresa.
Em 2014, 140 pacientes foram submetidos à cirurgia de excisão de órgãos, dos quais seis tiveram como resultado do exame a ausência de sinais de células cancerígenas. De 171 prontuários, 34 não continham o resultado do exame anatomopatológico.
A auditoria mostrou ainda que 13 pacientes estavam recebendo tratamento de quimioterapia via oral sem a recomendação necessária. Naquele ano 238 procedimentos cirúrgicos foram realizados. Porém, destes, apenas 44 estavam embasados num diagnóstico positivo para câncer.
No ano de 2015, 28 pacientes foram submetidos à cirurgia de excisão de órgãos tendo o resultado do exame negativo para câncer. Foram constatados 16 casos de prontuários sem resultado de exame anatomopatológico.
De 127 pacientes submetidos a tratamentos oncológicos, apenas um tinha em seu prontuário a indicação de quimioterapia. Durante àqueles 12 meses, foram realizados 272 procedimentos cirúrgicos oncológicos. Porém, apenas 44 estavam respaldados com o diagnóstico positivo para câncer.
Em 2016, a equipe constatou que quatro pacientes foram submetidos à cirurgia de excisão de órgãos tendo como diagnóstico a ausência de sinais de câncer. Dos 27 prontuários, quatro não continham o resultado do exame anatomopatológico.
O relatório aponta que 207 procedimentos cirúrgicos foram realizados naquele ano, destes, apenas 27 apresentaram diagnóstico de câncer no exame anatomopatológico.
No ano retrasado, foram analisados 11 prontuários oncológicos da unidade. Deste total, nem todos foram continham o resultado do exame anatomopatológico. Naquele ano, a empresa realizou 107 procedimentos cirúrgicos. Contudo, apenas 27 destes pacientes apresentaram resultado positivo para câncer no exame anapatológico.
Governo
A Secretária de Estado de Saúde de Mato Grosso informou que os contratos em questão – além de não estarem vigentes –, são objetos de auditoria interna e estão sendo analisados pelos órgãos de controle. Por essa razão, a SES-MT não se pronunciou sobre a questão até o momento.