Após pegadas de urso e rio derretido, matogrossense é resgatado em cenário de ‘Into the Wild’ no Alasca

Fonte: OLHAR DIRETO

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Foto: Reprodução / Instagram

O mochileiro de Cuiabá Gabriel Dias precisou ser resgatado no Alasca, depois que decidiu passar a quarentena no ônibus onde viveu e morreu Christopher McCandless, autor do livro ‘Into the Wild’, que também virou filme. Na história, o personagem principal morreu de fome e só foi encontrado duas semanas depois, em agosto de 1992. Gabriel, que foi até o Alasca de carona, conseguiu se salvar enquanto havia tempo.

Gabriel é paulista, mas viveu em Cuiabá desde os três anos de idade, e chegou a trabalhar em diversos setores antes de sair em viagem, há dois anos. Desde então, já percorreu 22 países, de carona, até que realizou o sonho de chegar ao Alasca, no último dia 8 de fevereiro. Em um vídeo publicado em seu Instagram, ele explica o que aconteceu nos últimos dias.

“Depois que começou a onda de coronavírus eu teve a ideia de caminhar nas montanhas. A regra é isolamento social, fique em casa, e eu pensei: vou acampar na beira de uma montanha, em qualquer lugar”, contou. Gabriel comprou comida e um equipamento de comunicação via satélite, e caminhou por cerca de sete dias na neve, até que decidiu ir até o ônibus da história de Christopher.

Para chegar ao local, ele ainda teve que caminhar mais 40 quilômetros e cruzar alguns rios, que estavam congelados. Depois de cerca de duas semanas, no entanto, percebeu que não teria comida suficiente para passar os três meses planejados. Além disso, começou a ver muitas pegadas de urso próximas ao ônibus.

“Nesse meio tempo eu comecei a ler o livro [Into the Wild]. E eu li sobre a tentativa que ele fez de voltar para a sociedade, e que se deparou com o rio derretido.
Pensei: é melhor eu voltar logo, porque se esse rio derreter, eu vou ficar preso aqui, e eu decidi voltar por isso”.

Gabriel, então, andou por 25 quilômetros, até se deparar com o rio já derretido. “Na ida, tinha uma ponte de gelo. Na volta, tinha derretido o rio”, lamenta. “A correnteza não estava tão furiosa, o problema não era a água, mas do outro lado do rio tinha uma parede de 1,5m de gelo que eu teria que escalar”. Caso se arriscasse a escalar, Gabriel poderia cair e se machucar. Foi aí que decidiu pedir ajuda.

“Eu apertei o SOS do meu dispositivo que é de socorro e comunicação via satélite e o helicóptero veio me buscar. Eu mandei mensagem e disse que eu tinha comida suficiente para esperar, que o único problema é que eu não conseguia atravessar o rio. A minha intenção não era voltar nesse momento, era voltar daqui uns 3 meses, quando o tempo já estaria mais estável e eu poderia voltar com segurança”, declara.

Depois que solicitou ajuda, o mochileiro foi resgatado de helicóptero. A história rodou o mundo e foi publicada até no New York Times, um dos maiores jornais dos Estados Unidos. “Eu fiquei muito envergonhado de ter que ter solicitado esse resgate, e sinto muito pelo transtorno que eu causei pra todo mundo. Eu estou viajando há dois anos, viajei por 22 países e eu nunca solicitei um resgate antes. Eu só solicitei porque realmente foi necessário”, lamenta.

O próximo plano do mochileiro era ir andando até o Pólo Norte. Agora, no entanto, ele pretende esperar um pouco. “Eu não desisti totalmente de fazer, mas preciso estar muito mais preparado fisicamente. Agora provavelmente vou seguir para a China depois que tudo se normalizar”. Gabriel segue no Alasca, em Fairbanks, na casa de um amigo.

Sou Dayelle Ribeiro, redatora do portal CenárioMT, onde compartilho diariamente as principais notícias que agitam o cotidiano das cidades de Mato Grosso. Com um olhar atento para os eventos locais, meu objetivo é informar e conectar as pessoas com o que acontece em suas cidades. Acredito no poder da informação como ferramenta de transformação e estou sempre em busca de trazer conteúdo relevante e atualizado para nossos leitores. Vamos juntos explorar as histórias que moldam nosso estado!