Segundo o Censo das Secretarias, conduzido pelos Institutos Aleias, Alziras, Foz e Travessia Políticas Públicas, Mato Grosso ocupa a terceira posição na região Centro-Oeste em participação feminina em secretarias estaduais, com apenas 11% de mulheres em cargos de primeiro escalão. Em Cuiabá, a capital do estado, a presença feminina é um pouco maior, com 26% dos cargos, superando a média estadual. Os dados revelam que o Brasil ainda enfrenta um grande desafio para alcançar a equidade de gênero na administração pública, já que 20 estados e 16 capitais não atingiram 30% de representação feminina em seus secretariados.
Entre os estados da região, Goiás lidera com 25% de participação feminina, seguido por Mato Grosso do Sul e Distrito Federal com 21% cada. Nas capitais, Campo Grande (MS) alcança 38% de mulheres em secretariados, enquanto Cuiabá registra 26% e Goiânia (GO), 16%. Em todo o país, a média de participação feminina é de 28%, e o estudo abrangeu 698 órgãos estaduais e 536 municipais nas capitais.
O levantamento apontou que as mulheres estão mais presentes em pastas de áreas sociais, como assistência e saúde, com 53% de presença nos estados e 44% nas capitais. Contudo, o número é bem mais baixo em áreas estratégicas, como infraestrutura (22% nos estados e 18% nas capitais), órgãos centrais (18% em ambos) e áreas econômicas (15% nos estados e 30% nas capitais). Marina Barros, diretora do Instituto Alziras, destacou que as barreiras estruturais limitam o avanço feminino em posições de influência, o que afeta a diversidade e a qualidade das políticas públicas.
Alta qualificação e experiência das secretárias
Além da participação, a pesquisa também revela que as mulheres em cargos de secretariado possuem alta qualificação e ampla experiência. Segundo o estudo, 43% das secretárias têm especialização, 26% possuem mestrado e 10% concluíram doutorado.
Entre as mulheres negras, a qualificação é ainda mais elevada: 44% possuem especialização e 32%, mestrado. Mais de 66% das secretárias têm mais de 21 anos de experiência profissional, sendo que 61% construíram suas carreiras no setor público. Isso evidencia o preparo e a trajetória consistente das mulheres para ocupar cargos estratégicos.
Experiência em administração e desafios para ascensão
A pesquisa identificou que 40% das secretárias vieram de outra secretaria e 33% da mesma pasta, indicando uma progressão interna na administração pública.
Ainda assim, metade das mulheres em cargos de secretariado está assumindo a função pela primeira vez, um reflexo de que a nomeação feminina em cargos de liderança pode estar em crescimento, mas ainda enfrenta limitações.
“Para alcançar cargos de alto escalão, as mulheres precisam ser nomeadas, e quem nomeia são, em sua maioria, homens. A experiência e a formação não são suficientes se quem ocupa o topo do poder executivo não se comprometer em abrir essas posições para mais mulheres”, explicou Luana Dratovsky, diretora do Instituto Aleias.