A Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), protocolou nesta sexta-feira (14) pedido de ingresso como Amicus Curiae, no Supremo Tribunal Federal (STF), para contrapor a ação direta de inconstitucionalidade da Sociedade Rural Brasileira (SRB), que pediu a suspensão da Lei do Fethab (Fundo de Transporte e Habitação), em razão de que o governo estadual não vem aplicando os recursos do fundo no objeto que foi proposto, que é a recuperação e manutenção da malha viária no estado.
O presidente da AMM, Neurilan Fraga explicou que além do pedido de ingresso, ele está solicitando, junto com o Senador Wellington Fagundes, uma audiência com o Ministro do STF, Gilmar Mendes, que é o relator da ação do setor produtivo, para reforçar os argumentos apresentados pela AMM. “O objetivo é que os municípios não sejam atingidos financeiramente, caso a decisão seja favorável ao Agronegócio, que pleiteia a extinção do fundo”, disse.
Conforme Neurilan, suspender o Fethab, (seja do diesel ou do agro, causaria um enorme prejuízo ao estado e a todos os municípios de Mato Grosso. Ele argumentou que “se os produtores estão transportando a sua produção agrícola, é porque os prefeitos estão recuperando e mantendo as estradas não pavimentadas, além das pontes e bueiros em todas as regiões do estado”, assinalou.
Fraga ressaltou ainda que do Fethab proveniente do consumo de óleo diesel que acontece dentro de Mato Grosso, R$ 0,21 centavos por litro, são destinado a esse fundo. Deste valor arrecadado 17,5% são deduzidos para a vinculação de Receita Corrente Líquida. O que sobra é dividido entre estado e município, sendo 50% para cada parte.
Com este recurso que as prefeituras recebem, elas fazem a recuperação de estradas não pavimentadas municipais e estaduais, pontes e bueiros, inclusive aquelas pontes acima de 12 metros, que na verdade é de responsabilidade da Secretaria de Infraestrutura e Logística do Estado (Sinfra). “Isto significa que são 141 frentes de trabalho em todas as regiões, trabalhando e recuperando os mais de 150 mil quilômetros de estradas não pavimentadas.
“Evidentemente isso representa um grande benefício para o governo estadual, gerando economia e eficiência, além de beneficiar diretamente o setor do agronegócio, que por mais paradoxo que pareça, foi quem propôs a ação para a acabar com o fundo”, observou.
Fraga reforça ainda o argumento de que “Se não fosse as prefeituras, o governo teria de arcar com custos de maquinários e pessoal e outros encargos para manter a malha viária. “E os produtores estariam com sua produção totalmente comprometida, tendo em vista o enorme prejuízo que teriam em função do péssimo estado de conservação da malha viária” disse ele.
Ainda como forma de esclarecimento, Neurilan explica que o Fethab oriundo da contribuição do Agronegócio (soja, milho algodão, boi e madeira), 100% fica com o governo para manter as estradas estaduais e que os municípios não recebem nenhum valor deste total arrecadado exclusivamente para o caixa do governo estadual.
Em janeiro deste ano, o valor do Fethab repassado pelo Governo estadual aos municípios foi de R$ 12,5 milhões. Recursos estes provenientes do consumo de óleo diesel comercializado.