O abaixo-assinado para que a Prefeitura de Cuiabá implementasse um ambulatório para pessoas trans no Hospital Julio Muller conseguiu mais de 16 mil assinaturas. O projeto no município foi suspenso devido à pandemia, no entanto, após a manifestação da população, deve ser retomado, segundo a prefeitura.
Por meio do documento, ativistas reivindicaram a reabertura do local, que foi criado por Ian Santana, que é coordenador municipal do Instituto Brasileiro de Transmasculinidades (IBRAT) em Cuiabá.
O ambulatório trans seria implementado no HUJM em março do ano passado, mas foi adiado devido à pandemia.
Homem trans, Ian narra no texto do abaixo-assinado que iniciou sua transição sem ajuda de ninguém e que, infelizmente, até hoje, não teve acesso a um atendimento qualificado de profissionais de saúde em Cuiabá.
Segundo ele, pela falta de um ambulatório especializado, pessoas estão se mutilando e algumas já têm órgãos comprometidos por terem tomado dosagens altas de hormônio e sem orientação.
A implementação do ambulatório, segundo os ativistas, dará mais dignidade e qualidade de vida aos pacientes.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde disse que o projeto foi suspenso devido ao cancelamento dos serviços eletivos de saúde e que deverá retornar após a pandemia.
Confira a nota na íntegra:
Em relação ao ambulatório transexualizador, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informa que houve uma articulação entre o Serviço de Atendimento Especializado (SAE) e o Hospital Universitário Júlio Muller até o ano de 2020, pouco antes da pandemia de covid-19. A cooperação previa a instalação de um ambulatório transexualizador no HUJM, que iria oferecer, inicialmente, terapia hormonal e atendimento multidisciplinar e, posteriormente, cirurgia de redesignação sexual. A SMS, através do SAE, participaria com a disponibilização de profissionais. Houve a capacitação da equipe multidisciplinar, tanto do SAE quanto do Hospital Júlio Muller, através de oficina ministrada pelo Ministério da Saúde em parceria com o Hospital Albert Einstein.
No entanto, com a pandemia e consequente suspensão dos serviços eletivos de saúde, o projeto foi suspenso. Existe um grupo de pessoas com interesse no ambulatório (tanto profissionais quanto pacientes) e essa discussão que deve ser retomada tão logo as condições do sistema de saúde permitam.