Sem jogar, Pia valoriza treinos, mas vê próxima data Fifa como crucial

Restrições da pandemia têm mexido com preparação da seleção feminina. Técnica espera que equipe possa ir a campo em junho, última possibilidade antes de Tóquio.

Fonte: Lincoln Chaves - Repórter da TV Brasil e da Rádio Nacional - São Paulo

Sem jogar Pia valoriza treinos mas vê próxima data Fifa como crucial
© Laura Zago/CBF/Direitos Reservados

Nesta terça-feira (13) atinge-se a significativa marca de cem dias até a Olimpíada de Tóquio (Japão). Ao contrário dos principais rivais na disputa por medalhas, a seleção brasileira de futebol feminino não conseguiu ir a campo no último período liberado pela Federação Internacional de Futebol (Fifa) para jogos entre equipes nacionais (a data Fifa), devido a restrições para entrada em países europeus por conta da pandemia do novo coronavírus (covid-19).

Por um lado, Pia Sundhage lamentou ver Estados Unidos, Alemanha, França, Suécia, Canadá e Austrália em campo, e o Brasil não. Por outro, a técnica valorizou a oportunidade de trabalhar com jogadoras do país pelos últimos oito dias na Granja Comary, em Teresópolis (RJ). Das 26 atletas convocadas, 24 atuam no futebol brasileiro. As exceções são a zagueira Rafaelle (Changchun, da China) e a meia-atacante Andressa Alves (Roma, da Itália).

“É muito bom saber que estivemos juntas. Não é fácil [viabilizar], são muitos protocolos a serem seguidos. Claro que é um pouco estressante ver outras seleções jogando, mas nada vem fácil para nós. Procuramos conversar sobre nossas oponentes e trabalhar coisas do nosso modelo de jogo. Elencamos prioridades. Treinamos muito as jogadas de bola parada e somos boas nisso. Fizemos muitos contra-ataques também”, disse Pia em entrevista coletiva por videoconferência.

“Teremos somente 18 jogadoras na Olimpíada, então precisamos tirar o melhor delas. Peguemos a Bia Zaneratto [atacante do Palmeiras]. Ela é canhota e costumamos vê-la na frente o tempo todo. Para integrar o time, ela tem de enraizar novas funções. Testamos como meia pelos lados, esquerda e direita. Outro exemplo é a [Giovana] Crivelari [do Corinthians], que não atuou como atacante, mas como lateral. Gostei do que vi”, completou a treinadora.

A técnica sueca sabe como poucos o que é uma Olimpíada. Em 1996 (Atlanta, nos Estados Unidos) representou a seleção do país natal como jogadora. Em 2008 (Pequim, na China) e 2012 (Londres, no Reino Unido) comandou a equipe norte-americana ao bicampeonato olímpico. Já em 2016 foi medalhista de prata como técnica da Suécia. Mesmo assim, o cenário pandêmico tem obrigado a treinadora a se adaptar a uma experiência inédita antes dos jogos.

“Na Suécia, tentamos prever o que pode acontecer ao menos dois anos antes. Nos Estados Unidos, temos muitos dias [com a seleção reunida]. Aqui, tivemos que mudar os planos por causa da covid-19 e também não temos tantos dias, só as datas Fifa. Dito isso, agradeço termos aqueles treinos de janeiro [na cidade gaúcha de Viamão], fora da dataaFifa. Temos pouco tempo, mas a equipe tem algo especial e pode ser coesa se enfatizarmos as prioridades”, comentou.

Em 2021, a seleção de Pia atuou na primeira data Fifa, em fevereiro, na disputa do She Believes, torneio amistoso em Orlando (Estados Unidos). Foram três partidas, com vitórias sobre Argentina (4 a 1) e Canadá (2 a 0), e derrota para os Estados Unidos (0 a 2). O próximo período voltado a partidas entre equipes nacionais, em junho, será o último antes da Olimpíada.

“Acho que esse próximo passo é crucial. Não só pelas jogadoras, mas eu também preciso vivenciar o jogo. Ouvir o hino, escutar meus auxiliares, apresentar vídeos, pensar como mudar o jogo após o intervalo. Se fizermos um bom trabalho, estarei mais relaxada. É difícil, mas sempre há um jeito”, concluiu Pia.

Casos positivos

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) informou que três jogadoras e dois integrantes da comissão técnica testaram positivo para covid-19. Segundo nota oficial da entidade, os infectados estão com “sintomas leves”, foram isolados e ficarão na Granja Comary sob cuidados do departamento médico da seleção até completarem os dez dias de quarentena previstos em protocolo.

Apesar de os nomes não terem sido divulgados, a Agência Brasil confirmou com a assessoria de imprensa do Napoli-SC que a goleira Nicole é uma das atletas que testaram positivo. A jogadora será desfalque da equipe de Caçador (SC) na estreia pela Série A1 (primeira divisão) do Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino, contra o Corinthians, neste sábado (17), às 19h (horário de Brasília), no Parque São Jorge, em São Paulo.

Gustavo Praiado é jornalista com foco em notícias de agricultura. Com uma sólida formação acadêmica e vasta experiência no setor, Gustavo se destaca na cobertura de temas relacionados ao agronegócio, desde insumos até tendências e desafios do setor. Atualmente, ele contribui com análises e reportagens detalhadas sobre o mercado agrícola, oferecendo informações relevantes para produtores, investidores e demais profissionais da área.