Com o objetivo de fazer história, o Clube do Povo e Miguel Ángel Ramírez apresentaram à torcida colorada, na tarde desta sexta-feira (05/03), um projeto inovador e corajoso, que pretende resgatar um futebol propositivo e protagonista, de acordo com a trajetória alvirrubra. O treinador espanhol foi oficialmente apresentado pela direção colorada e concedeu coletiva na qual falou um pouco sobre suas ideias e como pretende aplicá-las.
Um “cidadão do mundo”, como o próprio se define, ele conheceu mais de perto a história e estrutura do Internacional, clube que leva em sua gênese e nome a união entre diferentes povos e imigrantes. Antes da entrevista, a nova comissão técnica foi levada pela direção para conhecer o Museu do Inter e mais detalhes da gloriosa trajetória alvirrubra, além de um passeio pelo estádio Beira-Rio.
Após a visita, o treinador concedeu coletiva ao lado do presidente Alessandro Barcellos, o vice-presidente de futebol João Patrício Herrmann e o diretor executivo Paulo Bracks. Confira abaixo alguns trechos da entrevista.
DIREÇÃO
“A ideia do Inter dessa gestão é contar com a chegada de um treinador e comissão técnica que vão construir um novo modelo de jogo, propositivo, que tem como base o uso dos jovens talentos que o Inter vem produzindo e vai produzir cada vez mais, o uso da ciência de dados. Um modelo novo que temos convicção que vai dentro de campo nos trazer conquistas e alegrias.”
Presidente Alessandro Barcellos
“Ele terá de nós todo respeito, carinho e profissionalismo, mas, antes de tudo, terá todo o respaldo pra implementar esse trabalho inovador.”
Vice de Futebol João Patrício Herrmann
“Já estamos trabalhando junto com a comissão técnica há alguns dias de forma bem intensa. Junto ao Martín Anselmi (auxiliar técnico), Cristóbal Fuentes (preparador físico) e Luis Piedrahita (analista de desempenho). Um argentino, um espanhol e um colombiano. Mas a bandeira que estará fincada nesse trabalho é a do Sport Club do Internacional.”
Diretor Executivo Paulo Bracks
MIGUEL ÁNGEL RAMÍREZ
“Estamos crentes de que a torcida colorada vai se sentir orgulhosa de sua equipe, vai gostar do que vai ver. Eu não entendo o futebol como outra coisa que não seja espetáculo. Se paga para se divertir, para ver um espetáculo. E, obviamente, para ganhar. Ninguém joga parar perder. Desde pequenos, no pátio do colégio, aprendemos a jogar para ganhar. Senão, não joga. Nós viemos aqui para ganhar. Vamos fazer tudo que esteja em nossa mão, todas as horas do dia, para convencer um grupo de jogadores que tem um nível muito alto.”
“Eu vi ao vivo o jogo que ganharam do Barceolona e foram Campeões do Mundo. Desde pequeno, víamos os clubes brasileiros, mais que qualquer outro continente. Chegavam jogadores brasileiros muito grandes na Espanha, faziam a diferença, eram ídolos para nós. É uma oportunidade de trabalhar com ídolos de hoje e os que podem ser ídolos amanhã, em um clube tão grande. Vi um vídeo do Beira-Rio cheio de gente que me deixou arrepiado. Tomara que passe tudo isso para podermos aproveitar. Quando viver esse momento vai ser único e creio que poderei dizer que valeu a pena vir para cá.”
“Creio que no geral o ser humano tem um lado obscuro. Vivo numa ilha muito perto da África. Chegam todos os dias imigrantes na costa buscando uma vida melhor. Há muito pessoas que se sentem donos da ilha e rechaçam os que entram. Como se ter nascido nessa ilha os fizessem donos de lá ou superiores aos que entram. Eu tive a sorte de ser migrante também e ser acolhido nos países em que estive. Não me considero de nenhum território, sou um cidadão do mundo. Tive a enorme sorte de me sentir respeitado e acolhido em cada país que estive, mas também tentei respeitar e me integrar em cada um desses países. No Qatar aprendi árabe, tentei ter os mesmos costumes, comer igual, me comportar conforme sua cultura e religião. Fiz o mesmo no Equador e não vai ser diferente aqui. Sempre vai ter gente que não quer estrangeiro no lugar em que se sentem donos, mas talvez façam mais barulho os que são poucos do que a grande maioria.”