Exatamente há 84 anos se reuniram no Hotel Pouso Alto, no Bairro de Campinas, Afonso Cavalcanti Mundim, Mário Honorato da Silva e Sousa, Rui Cavalcanti Mundim, Alberto Alves Gordo, Nicanor Gordo, Edson Hermano, João de Brito Guimarães, João Batista Gonçalves, Ondomar Sarti, Benjamin Roriz, Antonio Accioly, José Rossi Filho, Armando e Batistinha, entre outros jovens, e fundaram o Atlético Clube Goianiense. De lá para cá sucederam-se glórias e dias difíceis, mas algumas coisas nunca se perderam, o amor por Campinas, uma torcida apaixonada e muita disposição para a luta.
O ano de 2021 é ainda mais especial ao revisitarmos essa trajetória, pois marca os 50 anos do primeiro título nacional de um clube goiano, o Torneio da Integração Nacional, de 1971; os 20 anos do início da ação da torcida contra a destruição do Accioly, em 2001 e os 5 anos do título Brasileiro da série B, de 2016.
Comecemos pelas lembranças mais recentes, daquele Estádio Olímpico recém inaugurado, de recordes de público em todos jogos do Dragão (que aliás sustenta até hoje os 5 maiores públicos da história do Estádio Olímpico após a reinauguração), de vitórias marcantes contra Bahia, Paysandu, Tupi… de vencer um campeonato com sobras deixando para trás um Vasco da Gama, os rivais da capital, todos comendo poeira. Ali gerações de avós, pais, filhos, sobrinhos e vizinhos, carregarão para sempre a festa com os gols de Luis Fernando, Magno Cruz, Jorginho e Junior Viçosa, e a alegria de ver o capitão Lino levantando a Taça. Nossa Diretoria fez com que Davi vencesse vários Golias, com orçamento curto, mas com um elenco onde sobrava muita raça, disposição, e um ataque mortal. O Dragão voltava a ser Campeão Nacional.
Voltando mais no tempo temos aqueles momentos na História que definem toda uma vida. De um lado as 5 maiores Construtoras do País, um Accioly demolido, e uma placa gigante “ Vem aí o Shopping de Campinas” ; de outro, felizmente, torcedores apaixonados, faixas de protesto na Avenida 24 de outubro, escritores, campineiros… pela manutenção do Estádio do Atlético. Nesse ano se abre o processo na Justiça que dará ganho à vontade e luta da torcida, que faria com que o Estádio Antônio Accioly não pudesse mais dar lugar a um Shopping Center. Torcida, Bairro de Campinas, a Cidade … todos em festa. Depois disso, a união fez a diferença e abriu-se a possibilidade de recolocar o Dragão no caminho das vitórias e glórias dos últimos tempos. Fica a lembrança carinhosa e gratidão a quem se dedicou a essa empreitada: Leonardo Bariane, Ivo de Oliveira, Katia do Carmo, Omar do Carmo, Cleber Ferreira, Breno Praxedes Juarez Barbosa, José Mendonça Teles e Horieste Gomes, entre tantos outros.
Ahhh, e 1971, Dragão vencia simplesmente a vice-campeã paulista do ano anterior, a Ponte Preta, e sagrava-se o primeiro clube goiano a ganhar um Título Nacional, o Torneio da Integração. Campeonato com presença do Fortaleza, do Náutico que anos antes havia disputado uma Libertadores, de clubes de 11 estados diferentes, e dos rivais locais, que o Dragão deixou pra trás… Quem viu nunca esqueceu as lembranças do Estádio Olímpico lotado, época em que o Dragão era conhecido nos jornais e rádios como “Clube do Povo”, e, aliás, ganhou dois anos depois em concurso da Revista Placar o título de “Mais querido dos Goianos” (1973).
E é com um orgulho danado desse passado, que podemos dizer que somos os mais tradicionais e os maiores de ontem e de hoje. Afinal nesse ano de 2021 somos o único clube goiano na Série A – Vamos para nosso 12º Brasileiro da 1ª divisão, o primeiro foi em 1965 – , estamos em uma competição internacional, a Sul-americana, e estamos brigando pelo tão sonhado e inédito tri-campeonato goiano.
Nosso presente é sustentado nos ombros de gigantes que dedicaram suas vidas ao clube no passado, e hoje podemos contar com apaixonados que querem e fazem nosso Dragão cada dia maior. É muito bom ver nosso Presidente Adson Batista com a camisa do clube cantando os gritos da torcida, como após o título goiano de 2019, respondendo à altura as provocações dos rivais… É de se destacar o quanto é uma atitude louvável o empenho de nosso Presidente em reformar a Taça do Torneio Integração Nacional e encampar a luta pelo reconhecimento da nossa 4a estrela de título nacional, a sua sensibilidade em fazer do Accioly cada dia mais confortável, mas sempre uma Casa Popular, mantendo o Alambrado e todo o aspecto de tradição que compõe o estádio, bem como a receptividade e abertura aos torcedores que propuseram restituir o Busto de Antônio Accioly.
A certeza de que o Dragão tem uma história única nesses 84 anos, onde cada um pôs um tijolo, que soubemos superar jejuns e dificuldades, mas que a partir das estruturas do passado foi possível erguer novos empreendimentos no presente, termos cada vez mais empolgação para o futuro, é que nos fazem gritar bem alto “Respeita as Cores” !! Viva o Clube mais Tradicional do Centro Oeste e a Torcida que mais cresce nesse Estado!!
Finalizo essa crônica homenageando e lamentando as perdas recentes que tivemos, continuarão a nos iluminar por tudo que fizeram: Helio de Oliveira, Decilio Bariane, Gominho, Divinão, Bené, Zé Albino, Ronaldão, Manoel de Oliveira, Nelson Douglas, Roberto Salvador, Dezoito… e tantos outros atleticanos que estariam muito felizes ao verem o Accioly recebendo gigantes do futebol e nosso Dragão fazendo bonito.
Paulo Winicius “Maskote” – Diretor de Patrimônio Histórico e Cultural do Atlético Goianiense, Historiador, Professor, Doutorando em História pela USP, Sócio Proprietário do Atlético.
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