A atriz Bianca Bin publicou uma foto nua no Instagram e acabou tendo a publicação censurada pela plataforma e foi nas redes sociais protestar contra o próprio Instagram, falando sobre a hipersexualidade feminina.
“O tabu não é em relação à nudez simplesmente, e sim à nudez feminina. Porque mamilos masculinos não são censurados. Certo? A repressão sexual é uma das maneiras de controle do corpo da mulher. A perseguição sistemática ao seio desnudo é o símbolo dessa repressão”, iniciou a artista, em conversa com a coluna de Patrícia Kogut.
“Essa hipersexualização dos corpos femininos nos proíbe de sentir e vivenciar nosso próprio corpo, além de dificultar a aceitação do ‘ser mulher’ da adolescência à idade adulta. Acho importante podermos existir com igualdade de liberdades. Não precisar esconder meu corpo para ser respeitada. Não ser sexualizada, objetificada, reprimida e violentada por causa dele”, completou Bianca.
Bianca Bin dispara contra taxas altas de mortalidade de mulheres
Bianca Bin ainda completou todo o seu pensamento falando sobre sobre a hipocrisia do Brasil desde a época de escravidão, exploração e matança de mulheres, lindando com uma certa naturalidade com as taxas de feminicidio.
“Eu acho uma hipocrisia um país que desde a sua colonização escraviza, explora e mata mulheres lidar com naturalidade com índices cada dia mais alarmantes de feminicídio. Com a nudez apenas no carnaval, quando ela é socialmente aceita. No resto do ano, a amamentação em público continua sendo um desafio para mulheres lactantes. É muito contraditório tudo isso. E só ajuda a perpetuar a violência de gênero nesta nossa sociedade já tão doente”.
“Vale lembrar, por exemplo, que somos mundialmente o país que lidera o consumo de pornografia trans. E o país que mais mata transexuais no mundo também. É muita incoerência. Enfim, acho, sim, que devemos lutar contra toda a hipocrisia desta sociedade machista e patriarcal, que insiste em querer controlar nossos corpos. Quando posto meu corpo nu, penso em tudo isso”, pontuou a global.
“É realmente muito revoltante e de uma tristeza imensurável presenciar o descaso deste desgoverno diante de uma pandemia devastadora. Mas, para nossa própria sobrevivência, estamos tendo que focar na metade do copo cheia, se é que podemos chamar assim”, disse Bianca Bin.
“Eu estou aprendendo, como todo o povo brasileiro, a acreditar em dias melhores e a viver dia após dia. Fazendo minha auto-observação e buscando uma melhor versão diariamente. Porque a mudança só acontece de dentro para fora. O caminho do autoconhecimento, para mim, é o único capaz de promover mudanças significativas”, concluiu.