Setor atacadista de Mato Grosso debate governança familiar

Fonte: REDAÇÃO

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Empresários do setor atacadista e do varejo de Mato Grosso estiveram reunidos na tarde de segunda-feira (28) para tratar debater a jornada da governança familiar entre os cerca de 60 associados. O evento ocorreu na sede da Associação Mato-grossense de Atacadistas e Distribuidores (Amad) e Sindicato do Comércio Atacadista e Distribuidor de Mato Grosso (Sincad-MT), em Várzea Grande.

Conforme o presidente da Amad, Luciano Almeida, a sucessão familiar é uma preocupação do setor atacadista, que movimenta cerca de R$ 4 bilhões anuais na economia do estado. A longevidade dos negócios visa manter o elo positivo na cadeia de abastecimento à população, já que essas empresas compram diretamente das indústrias e estocam para poder vender e entregar tais produtos a todo estado Mato Grosso, inclusive nas regiões mais longínquas.

“Trouxemos a palestra para poder promover esclarecimento, informação e tirar dúvidas de pais e filhos, mostrar que é necessário implementar a governança familiar. Na minha empresa, contratar uma firma de auditoria, por exemplo, promoveu uma série de melhorias importantes, o que gerou maior credibilidade de mercado e mais benefícios junto às instituições financeiras, mas existem outros benefícios a serem considerados”, destacou.

Aos 30 anos, Paulo Backes, presidente do Sincad-MT, relatou que possui uma experiência exitosa de governança familiar na empresa da família (Atacado Central) que conta com o processo sucessório do irmão mais velho, Pedro Henrique, situação que vem propiciando a ele oportunidade de se dedicar a atividades externas, entre elas, estar à frente da entidade que congrega os empresários do setor.

“Todo esse conteúdo é muito válido para os nossos associados, já que o setor de atacado e varejo de Mato Grosso é quase que totalmente familiar. Tirando os grandes grupos que vêm de fora, as empresas daqui estão vivendo essa fase de transição, com herdeiros e/ou sucessores na faixa etária de 20 a 40 anos. De um lado os filhos precisam compreender a responsabilidade de assumir o negócio e do outro, pais e fundadores têm que conseguir passar o bastão”, explicou o jovem empresário.

Alessandro Morbeck Teixeira, presidente da Associação de Supermercados de Mato Grosso (Asmat) e da Rede Serv Mais, que possui 19 lojas entre Cuiabá e Várzea Grande, frisou o desafio que é “puxar os filhos para dentro do negócio”. Ele possui dois filhos, um deles já faz parte do cotidiano da empresa desde os 16 anos, mas a filha optou por cursar medicina, e hoje atua como médica cardiologista.

“Há uma diferença entre ser herdeiro e sucessor, por isso, inicialmente, quis saber se o meu filho estava realmente realizado de estar conosco, se tinha planos de fazer o negócio crescer. Já a filha, que construiu uma vida fora da empresa, como poderia participar? De que modo poderia inclui-la? Todas essas questões que permeiam o dia a dia da empresa e da família hoje estão sendo tratadas e estamos construindo um plano juntos”.

O organizador do evento, Marcos Taveira, gestor executivo na Amad/Sincad-MT, explicou que tem promovido ciclos de palestras com os empresários para debater assuntos importantes, além da governança familiar, o uso da inteligência artificial, gestão financeira, vendas, entre outros assuntos. Nesta semana, ele conseguiu agregar entidades parceiras como o Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros (Sincovaga) e a Asmat.

“A sede da Amad/Sincad-MT tem se tornado um espaço para palestras e reuniões importantes para trocar ideias, informações e tirar dúvidas. Normalmente há uma barreira natural entre pais e filhos, que requer tempo, paciência e um plano de governança para poder ser vencida. Isso é válido para todas as demais melhorias e inovações pelas quais as empresas precisarão passar em médio e longo prazo”, disse Taveira.

A empresária Mônica Fraga Souza estava participando do encontro junto com os filhos que têm uma carreira fora do negócio. “São três filhos, porém nenhum deles está conosco na empresa. Observamos que sem um plano de sucessão, talvez nosso negócio não sobreviva muito tempo”. A filha Manise, 36 anos, arquiteta, disse estar gostando da proposta de governança familiar. “Empresa e família nasceram juntos, mas, depois, seguiram caminhos diferentes. Agora, estamos repensando o futuro”.

Para a conselheira de administração e consultora em Governança para Empresas Familiares, Cristhiane Brandão, coordenadora do Capítulo Brasília/Centro-Oeste do IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, a proposta inclui ainda desenvolver os pilares da governança familiar que garantirão a longevidade do negócio a partir das boas práticas corporativas. “A pergunta que nos move neste trabalho é: Para onde está caminhando a nossa empresa? Como vamos fazer isso?”, finalizou a especialista.

No Brasil, 90% das empresas têm perfil familiar, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além de responder por mais da metade do PIB, as empresas familiares também empregam 75% da mão de obra no país. Apesar da relevância, apenas 30% delas chegam à 3ª geração e somente metade, ou 15%, sobrevivem.

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