Sair do endividamento não é fácil. Quando se vive um período de crise, como a gerada pela pandemia de Covid-19, e de alta da inflação, a situação pode se agravar ainda mais. Para limpar o nome, também é preciso cuidado.
Em julho, 78% dos brasileiros tinham alguma dívida em aberto, e 29% das famílias estavam inadimplentes, com algum tipo de pagamento em atraso, segundo a Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), divulgada na segunda-feira (8) pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).
Se as dívidas envolverem várias credores, o consumidor pode procurar ações como a Serasa Limpa Nomes, campanha de parcelamento de dívidas em atraso, em parceria com 45 empresas, para ajudar quem está com o nome sujo a voltar a ter crédito.
Outra opção é usar serviços como o programa super endividados do Procon-SP para renegociar junto aos seus credores. Talvez o tipo de dívida que você tenha, cabe a avaliação sobre juros abusivos. E com isso, o programa pode te ajudar.
Se os débitos forem com bancos, a recomendação é somar todas as dívidas e tentar negociar tudo em um único pagamento por mês.
A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) alerta sobre os riscos de fraude ou assédio na hora de fazer renegociação de dívidas. Segundo a entidade, não existe nenhum tipo de empréstimo em que a pessoa tenha que fazer algum tipo de pagamento antecipado, seja de impostos, de preenchimento de cadastro ou de supostos adiantamentos de parcelas.
“Em todas as operações de crédito regulares, o cliente recebe o dinheiro e não tem que pagar nada para obter o empréstimo. Desconfie de sites na internet que ofereçam crédito com condições vantajosas. Sempre pesquise e verifique se a instituição é autorizada pelo Banco Central a oferecer empréstimos”, orienta.
O diretor-executivo de Sustentabilidade, Cidadania Financeira, Relações com o Consumidor e Autorregulação da Febraban, Amaury Oliva, afirma que, em primeiro lugar, a parcela precisa caber no bolso do consumidor e não pode comprometer o pagamento de outras contas.
A prioridade é pagar as contas de serviços essenciais – água, luz, gás e aluguel –, para a situação não se agravar ainda mais.
Com os serviços essenciais garantidos, o negócio é renegociar as dívidas que detêm os maiores juros do mercado: cartão de crédito e cheque especial. Antes de iniciar esse processo de procurar o credor e tentar fechar um acordo, é preciso organizar todas as finanças da casa.
• Os bancos nunca ligam para o cliente pedindo senha, número do cartão ou outras informações sigilosas.
• Não existe nenhum empréstimo em que a pessoa precise fazer algum tipo de pagamento antecipado, seja de impostos como o IOF, taxas falsas de cadastros ou antecipação de parcela.
• Caso receba uma proposta aparentemente vantajosa e atrativa, o consumidor deverá encerrar a ligação, pegar o número de telefone que está no cartão do banco e ligar de outro telefone para tirar dúvidas e entender melhor a história.
• Deverá, ainda, pedir que enviem a proposta por escrito, para ver se ela confere com as promessas verbais.
• Na portabilidade de crédito, a liquidação da operação em aberto ocorre entre as instituições financeiras sem nenhum desembolso por parte do consumidor.
• Ao receber o pedido de portabilidade, a instituição financeira originadora (detentora do contrato original) pode procurar o consumidor para confirmar se o pedido realmente partiu dele. Pode até oferecer condições mais vantajosas para que o consumidor mantenha seu contrato, mas é obrigada a acatar a sua vontade.
• Se desconfiar da oferta, o consumidor poderá sempre procurar os canais da instituição financeira para confirmar se quem fez a oferta presta serviço ao banco.
• Em caso de devolução de crédito consignado por arrependimento ou contratação não solicitada, é importante que o consumidor procure os canais de relacionamento do banco e nunca faça depósitos em contas de terceiros.
• Ao desconfiar de irregularidades, o consumidor deve contatar o SAC do banco e registrar a sua reclamação.
• Caso não fique satisfeito com a resposta, poderá recorrer à ouvidoria ou registrar a reclamação na plataforma consumidor.gov.br.
1º Passo
Acesse o site feiraolimpanome.com.br ou baixe o aplicativo no celular no Google Play e App Store. Após digitar o CPF e preencher um breve cadastro, você poderá utilizar os serviços com a garantia de que só você tem acesso aos seus dados.
2º Passo
Ao entrar na plataforma, suas informações financeiras já aparecerão na tela, incluindo as dívidas (caso tenha) e as opções de acordos. Se quiser conhecer as condições oferecidas para pagamento, basta clicar em uma delas e serão apresentadas as opções para renegociar cada débito.
3º Passo
Depois que você escolher a oferta, selecione o melhor formato de pagamento para o seu bolso: se vai ser à vista ou em parcelas e qual a melhor data de vencimento.
4º Passo
A plataforma da Serasa gera um ou mais boletos, dependendo da forma de pagamento escolhida, já com a data de vencimento correta. O boleto poderá ser pago tanto online quanto na agência do banco ou casa lotérica. Também é possível realizar o pagamento do acordo diretamente pela carteira digital da Serasa.
A vida financeira também pode ser reeducada para hábitos saudáveis. Amaury Oliva afirma que a cidadania financeira é uma prática, e que, com estratégia, o devedor pode passar a investidor. Com a orientação de Oliva, veja a seguir um passo a passo para pôr as contas em ordem e aprender a guardar dinheiro para a realização de sonhos:
1) O ponto de partida para organizar o orçamento pessoal é listar todas as dívidas. Mapear se tem dívida no cheque especial, prestações, fatura do cartão de crédito, empréstimo consignado
2) Em seguida, listar também o que ganha, a renda, salário, comissão, aposentadoria, benefício, colocar o que tem de receita e, do outro lado, os gastos mensais, com aluguel, escola, farmácia, lazer. Isso ajuda a ter um olhar geral sobre os gastos
3) Então o primeiro passo como orientação ao consumidor é fazer esse orçamento pessoal. No momento que se tem esse panorama, é mais fácil cortar algum exagero, um gasto desnecessário
4) O importante é levar para a família, discutir se acaba gastando mais do que recebe e medidas de redução de gastos para sair dessa situação
5) Com o orçamento pessoal pronto, é hora de definir a estratégia do que pode ser renegociado, fazer aquela dívida mais cara tornar-se uma dívida mais barata
6) Depois de olhar o orçamento, avaliar compras que podem ser excluídas, valores que podem ser economizados, renegociar as dívidas e acabar de pagá-las, é importante passar para um terceiro passo, que é construir hábitos financeiros saudáveis
7) Quando a pessoa se acostuma a pagar a parcela de financiamento todo mês, no momento em que ela acaba, é importante reservar esse valor para um projeto especial, para um sonho. Nesse momento, a pessoa deixa de ser devedora e passa a ser aplicadora, investidora, e entra em outro momento, de construir a cidadania financeira.