O Brasil é um dos principais players no mercado de criptomoedas. Com um crescimento de 30% no volume de negociações nos primeiros meses de 2024, o país não apenas superou suas próprias marcas anteriores, como também tomou a frente como líder na América Latina em termos de volume de comércio semanal em dólares, desde meados de janeiro.
Dados da Kaiko Research apontam que o Brasil viu o volume de suas negociações em criptomoedas alcançar a cifra de 6 bilhões de dólares americanos de janeiro a maio deste ano. Esse aumento reflete uma elevação de 30% em comparação ao mesmo período do ano anterior, consolidando o real como uma das moedas mais ativas no mercado de criptomoedas. A comparação regional mostra um cenário ainda mais impressionante. Enquanto o Brasil registrou esses números altos, o volume de trading em pesos mexicanos ficou em 3,7 bilhões de dólares e o volume em pesos argentinos aproximou-se de 300 milhões de dólares.
Stablecoins: A preferida dos brasileiros
O ano de 2024 também marca uma mudança importante nas preferências dos investidores brasileiros no mercado de criptoativos. As stablecoins, como Tether (USDT), estão se tornando mais populares que o próprio Bitcoin e outras criptomoedas mais voláteis. Relatórios de Kaiko indicam que quase metade de todas as transações no país envolveu stablecoins, com um aumento de quase 20% na participação de mercado desde o pico do mercado em 2021.
Segundo dados do portal CriptoFacil, um dos principais portais sobre criptomoedas, o BTC e o ETH ainda representam uma grande parte das transações, mas o aumento do interesse por ativos menos voláteis reflete a maturidade e a evolução do investidor brasileiro no mercado global. O Brasil foi classificado como o sétimo maior mercado de criptomoedas do mundo, com uma movimentação de cerca de US$ 140 bilhões entre 2021 e 2022. Já em 2024, houve um aumento na importação de criptomoedas, com um crescimento anualizado de 110% apenas no primeiro bimestre, totalizando US$ 2,9 bilhões. Isso reflexo a adoção e confiança no setor de criptoativos no país.
Mas o aumento na oferta e no uso de stablecoins tem sido impulsionado por sua capacidade de oferecer estabilidade nas transações financeiras, funcionando como uma ponte confiável entre a economia digital e a financeira tradicional. Com a evolução regulatória e a aceitação mainstream, as stablecoins estão cada vez mais sendo integradas às operações de empresas e instituições financeiras. Facilitando, assim, as transações transfronteiriças e atuando como uma ferramenta de gestão de risco prudencial.
ETFs de Bitcoin e a infraestrutura de mercado
Esse cenário é respaldado pela crescente adoção das stablecoins em plataformas de finanças descentralizadas (DeFi), onde são usadas para serviços financeiros como empréstimos e obtenção de rendimentos. O que amplia sua utilidade e inserção no mercado financeiro digital. E complementando esse cenário, o mercado brasileiro agora abriga 13 fundos cotados em bolsa (ETFs) de Bitcoin, com gestões de renome como Hashdex e BlackRock. Desde 2021, esses fundos têm contribuído muito para o ecossistema financeiro, gerenciando cerca de 2,5 bilhões de reais (500 milhões de dólares) até março deste ano.
Além do HASH11, outros ETFs populares são os IBIT39 da BlackRock, que também oferece aos investidores brasileiros a oportunidade de investir em Bitcoin de forma regulada e acessível através da B3, a bolsa de valores brasileira. Estes fundos são importantes, pois permitem que investidores tenham exposição aos movimentos de preço do Bitcoin sem necessariamente possuir a criptomoeda diretamente, facilitando o acesso a esse tipo de ativo e proporcionando uma opção de investimento mais integrada ao sistema financeiro tradicional.
A participação de mercado das grandes exchanges também viu uma grande redistribuição. Binance, por exemplo, apesar de manter a maior fatia do mercado com 79%, viu seu domínio diminuir. Por outro lado, Mercado Bitcoin, junto com Bitso, baseada no México, teve sua participação de mercado combinada aumentada para 21% até o início de maio, o ponto mais alto em mais de três anos. A competição no setor está acirrada. Plataformas locais e regionais estão ganhando terreno, especialmente em mercados específicos como o Brasil, onde a preferência por soluções mais locais ou regionais é grande devido à integração com sistemas de pagamento locais.
O aumento contínuo no volume de negociações e a variedade dos tipos de criptoativos negociados no Brasil refletem um mercado amadurecido e cada vez mais integrado ao cenário global. Só em 2023, o Brasil movimentou cerca de R$ 110 bilhões em criptomoedas. O Banco Central e a Receita Federal estão cada vez mais focados em criar um ambiente regulado que possa proteger investidores e integrar ainda mais o Brasil ao mercado financeiro global. As estratégias de investimento estão se adaptando, e o país não é apenas o líder na América Latina, também é um protagonista no cenário mundial de criptomoedas.