Após 60 dias, a Petrobras anunciou, na última segunda-feira, 09, um novo aumento de 8,87% no preço do diesel para as distribuidoras. Com esse repasse, o preço do diesel nos postos brasileiros subiu 3,2% na última semana, atingindo um novo recorde desde 2004, quando a pesquisa semanal de preços da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) começou a ser realizada.
Essa sequência de aumentos e instabilidade nos preços é resultado de uma série de desdobramentos mundiais que incluem a alta do dólar e a guerra na Ucrânia e internos, com a política de preços da Petrobras, que segue os valores do mercado externo. De acordo com Ricardo Lerner, executivo do setor de logística de combustíveis e CEO do Gasola, uma startup focada em realizar negociações democráticas entre transportadoras e postos de combustíveis, “os consecutivos aumentos nos preços dos combustíveis demonstram que a Petrobras vem seguindo as diretrizes da sua nova política de preço, alinhada com a variação no mercado externo. O que não vem ocorrendo é o acompanhamento integral a essas variações, tendo em vista que a Petrobras não tem repassado na integralidade as variações do mercado internacional”.
Segundo a pesquisa da ANP, o preço médio do diesel atingiu R$ 6,847 por litro, valor que ultrapassa em 2,9% o recorde anterior atingido na semana de 19 de março, após os grandes aumentos realizados pela Petrobras. Em 12 estados, o preço médio do combustível já passa de R$ 7 por litro. A média estadual mais alta foi verificada no Acre: R$ 8,067 por litro.
“Enquanto o real estiver desvalorizado comparado ao dólar, os aumentos continuarão acontecendo acima da inflação. Nesse momento, é muito difícil fazer qualquer previsão de quando teremos uma maior estabilidade. Isso acontece porque com a política de preços da Petrobras, o preço interno varia de acordo com o mercado externo, que é impactado pelo preço do dólar e barril do petróleo. Tendo em vista a longevidade da guerra na Ucrânia e o ano de eleições no Brasil, tanto dólar quanto petróleo devem continuar com variações frequentes”, analisa, Ricardo.
Nessa constante, o mundo empresarial e principalmente o transporte rodoviário de cargas começam a analisar alternativas quanto a utilização dos combustíveis fósseis. Ricardo acredita que ainda é muito cedo para se falar em eletrificação da frota no Brasil, mas vê que essa é uma possibilidade real a longo prazo.
“Seja pelos altos custos para se obter um veículo elétrico ou pela indefinição quanto a matriz energética nacional, vejo que ainda estamos longe da substituição efetiva dos combustíveis como conhecemos. Porém, certamente a escalada no preço dos combustíveis fósseis fazem com que empresas acelerem a visão para o mercado alternativo de abastecimento, seja veículos elétricos ou híbridos”, finaliza o executivo.