A inadimplência no Brasil mostra um preocupante ciclo de repetição. Em novembro de 2025, do total de novas negativações, 83,78% foram de consumidores reincidentes – aqueles que já tinham aparecido no cadastro de devedores nos últimos 12 meses. É o que revela o Indicador de Reincidência de Pessoas Físicas, apurado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo SPC Brasil.
Dentro desse universo, a maior parte (63,78%) ainda não havia quitado as dívidas antigas e foi negativada novamente. Outros 20% tinham saído do cadastro, mas retornaram. Apenas 16,22% dos negativados em novembro eram novos devedores. Nos últimos 12 meses, o número de reincidentes cresceu 10,77%.
Tempo curto entre novas dívidas e recuperação em queda
Um dado que chama a atenção é o tempo médio de 74,4 dias entre o vencimento de uma dívida e o vencimento de outras pendências para os reincidentes. Ou seja, em média, após cerca de 2,5 meses do vencimento de uma dívida, outra já vencia, indicando uma dificuldade crônica de fechar o orçamento.
Paralelamente, o Indicador de Recuperação de Crédito piorou, registrando uma queda de 7,60% no número de consumidores que limparam o nome nos 12 meses encerrados em novembro, na comparação com o período anterior.
Perfil dos devedores e alerta para o 13º
O perfil do devedor reincidente em novembro se concentra na faixa etária de 30 a 39 anos (25,89%), com uma divisão quase equilibrada entre mulheres (53,96%) e homens (46,04%). Entre quem conseguiu quitar as dívidas, a faixa de 50 a 64 anos teve maior participação (22,66%), e o valor médio pago foi de R$ 2.741,31.
O presidente da CNDL, José César da Costa, vê um “consumidor menos ativo e com mais dificuldade para fechar o orçamento” e recomenda uma reorganização financeira no início do ano. Já o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Júnior, faz um alerta sobre o uso do décimo terceiro salário: “A prioridade número um deve ser a quitação e a renegociação das dívidas pendentes. É a oportunidade ideal para limpar o nome e evitar um ciclo de estresse financeiro”.
Os dados reforçam o desafio crônico de gestão financeira que atinge parte expressiva da população adulta brasileira, atualmente em 43,74% de inadimplência.























