Inadimplência cresce no Brasil: um desafio para famílias e poder público

Fonte: CenárioMT

Dinheiro na mao real brasileiro

A inadimplência no Brasil continua a aumentar, apesar de um cenário econômico relativamente positivo. De acordo com um levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), realizado em parceria com a Offerwise Pesquisas, o número de consumidores com contas atrasadas está em ascensão, impulsionado por diversos fatores como imprevistos financeiros, redução de renda, perda do controle do orçamento, aumento dos preços e desemprego.

Principais Causas da Inadimplência

Entre as principais causas da inadimplência destacam-se:

  • Imprevistos financeiros como problemas de saúde e manutenção de bens (20%).
  • Redução da renda (17%).
  • Perda do controle do orçamento (16%).
  • Aumento dos preços (14%).
  • Desemprego de algum membro da família (12%).

Contas em Atraso

Os tipos de contas mais frequentemente em atraso incluem:

  • Cartão de crédito (16%).
  • Conta de água e luz (12%).
  • Cheque especial (10%).
  • Crediário (10%).
  • Empréstimos em bancos ou financeiras (9%).

Para aqueles que foram negativados, as contas em atraso são dominadas pelo cartão de crédito (27%), seguido por empréstimos (18%) e crediário (15%).

Impacto das Compras por Impulso

A falta de organização financeira, muitas vezes influenciada por fatores emocionais, contribui significativamente para o cenário de inadimplência. Entre os que ficaram inadimplentes por descontrole do orçamento:

  • 37% atribuíram isso ao desejo de comprar algo imediatamente.
  • 30% não negociaram bem no momento da compra.
  • 30% aproveitaram promoções sem avaliar o orçamento.
  • 22% compraram para melhorar o humor.
  • 22% estavam com baixa autoestima.

Adaptação ao Cenário Econômico

José César da Costa, presidente da CNDL, destaca que, embora muitas pessoas tenham retornado ao mercado de trabalho e ao crédito, a inflação ainda impacta fortemente a renda do brasileiro, comprometendo o orçamento mensal e dificultando a formação de uma reserva de emergência.

Nos últimos três meses, 45% dos consumidores adquiriram algo sabendo que seria difícil pagar, enquanto 37% fizeram compras sem considerar a viabilidade financeira. Além disso, 49% pegaram dinheiro emprestado sem considerar as taxas.

Prioridades de Pagamento e Compras no Crédito

As contas prioritárias para pagamento incluem:

  • Internet (66%).
  • Telefone (60%).
  • Água e luz (57%).
  • TV por assinatura (50%).
  • Cartão de crédito (41%).
  • Plano de saúde (41%).

Entre os itens mais comprados a crédito estão supermercados (42%), roupas e calçados (35%), remédios (30%), eletrodomésticos (24%) e celulares (22%).

Consequências da Inadimplência

A inadimplência tem várias consequências negativas, como:

  • Negativação do nome (52%).
  • Pagamento de juros mais altos (35%).
  • Perda de crédito em lojas e bancos (32%).
  • Cobrança frequente por parte dos credores (29%).

Tentativas de Negociação

Apesar das dificuldades, 76% dos inadimplentes tentaram negociar suas dívidas, com 88% se preparando para a negociação através de pesquisas sobre formas de pagamento, valores atualizados com juros e revisão do orçamento. A maioria dos consumidores tenta negociar a dívida em média duas vezes antes de pagá-la.

Sentimentos relacionados às cobranças

A pesquisa indica que 90% dos inadimplentes receberam cobranças, principalmente por e-mail, SMS e WhatsApp. Essas cobranças causaram sentimentos de constrangimento (35%), chateação (33%), pressão (30%), angústia (25%) e tristeza (25%).

A alta inadimplência no Brasil reflete uma combinação de fatores econômicos e comportamentais, exigindo atenção tanto das famílias quanto do poder público. A educação financeira, estratégias eficazes de negociação e uma maior consciência sobre o impacto das compras por impulso são essenciais para melhorar esse cenário e promover a estabilidade financeira dos consumidores.

Formado em Jornalismo, possui sólida experiência em produção textual. Atualmente, dedica-se à redação do CenárioMT, onde é responsável por criar conteúdos sobre política, economia e esporte regional. Além disso, foca em temas relacionados ao setor agro, contribuindo com análises e reportagens que abordam a importância e os desafios desse segmento essencial para Mato Grosso.