Crise bancária mundial não vai interferir na decisão do Banco Central sobre a taxa de juros

Fonte: R7

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crise que abala o sistema bancário mundial, desencadeada pela elevação das taxas de juros na tentativa de conter a inflação, e as recentes críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não deverão modificar a postura do BC (Banco Central) a respeito da taxa básica de juros na reunião a ser finalizada nesta quarta-feira (22).

Economistas e analistas avaliam que a taxa Selic será mantida, pela quinta vez seguida, no atual patamar de 13,75% ao ano, o maior nível desde 2017. As percepções levam em conta a expectativa de enquadrar o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) no intervalo da meta, ou seja, fazer a inflação baixar para o percentual definido pelo governo.

De acordo com as projeções apresentadas pelo mercado financeiro, a inflação oficial deve finalizar 2023 em 5,95%, nível mais de 1 ponto percentual acima do teto da meta estabelecida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), de 3,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto (de 1,75% para 4,75%).

Para Everton Gonçalves, Superintendente da Assessoria Econômica da ABBC (Associação Brasileira de Bancos), a crise no sistema bancário internacional traz risco à estabilidade financeira e ao cenário econômico. Ainda assim, ele vê a manutenção da Selic como a decisão mais adequada para o momento.

“Embora esse quadro possa levar a uma desinflação mais rápida e a uma queda mais intensa na atividade econômica internacional, uma valorização do dólar no mercado internacional terá impacto na taxa de câmbio das moedas de países emergentes”, destaca Gonçalves.

Pedro Oliveira, tesoureiro do Paraná Banco Investimentos, também prevê a estabilidade da taxa Selic, mas avalia que o BC deve manifestar preocupação com o ambiente bancário externo. “O Comitê deve sinalizar que, se a crise tomar maiores proporções, deve afetar o crescimento global e, consequentemente, o cenário inflacionário”, afirma.

Iniciada ontem (21), com a avaliação das perspectivas econômicas e o comportamento do mercado financeiro, a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) será encerrada nesta quarta-feira (22). A decisão a respeito dos novos juros será anunciada após as 18h.

Pressão

Além de tentar impedir que a inflação fure o teto da meta pelo terceiro ano consecutivo, o BC sofre ainda com a pressão da equipe econômica e do presidente Lula para reverter a atual condução da política monetária. As críticas do governo consideram que a adoção de uma política mais contracionista, apesar de segurar a inflação com a redução do estímulo para o consumo, põe um freio na atividade econômica.

Os efeitos da Selic no patamar mais elevado dos últimos seis anos já refletem no desempenho do PIB (Produto Interno Bruto) — a soma de todos os bens e serviços finais produzidos no país — do quarto trimestre de 2022, período em que a economia nacional encolheu 0,2%. Na tentativa de reverter o impacto causado pelo atual nível da taxa Selic e uma eventual recessão econômica, Lula defende até uma mudança nas metas de inflação.

Antonio van Moorsel, estrategista-chefe e sócio da Acqua Vero, avalia que as pressões são insuficientes para mudar o direcionamento da taxa de juros, após a inflação superar as expectativas do mercado financeiro (+0,84%) em fevereiro. “A última leitura do IPCA mostrou uma alta de preços mais resiliente, com avanço dos preços do setor de serviços e do índice de difusão. Foi uma inflação mais disseminada”, observa.

Jornalista apaixonada por astrologia, bem-estar animal e gastronomia. Atualmente, atuo como redatora no portal CenárioMT, onde me dedico a informar sobre os principais acontecimentos de Mato Grosso. Tenho experiência em rádio e sou entusiasta por tudo que envolve comunicação e cultura.