Em ano eleitoral, o governo já informou que pretende manter a bandeira verde, tarifa mais baixa, até o fim do ano. Mas isso pode não ser viável do ponto de vista técnico, porque há probabilidade de ser necessário o uso de termoelétricas para suprir a falta de chuvas na região Sul.
Segundo o professor do Instituto de Energia e Ambiente da USP (Universidade de São Paulo), Pedro Côrtes, a afirmação do governo é “prematura”. “Os prognósticos climáticos para o sul do país não são favoráveis, por conta do fenômeno La Niña, que vai impactar o abastecimento dos reservatórios. Pode ser que a gente não tenha condições de manutenção da bandeira verde até dezembro”, avalia.
Côrtes reforça que não há risco para o abastecimento do país. Mas o racionamento das termoelétricas, que têm produção mais cara, provavelmente será necessário.
Caso o governo mantenha a conta de luz mais barata neste ano, o valor será cobrado em 2023. “Se insistirem em manter a bandeira verde, mesmo sem condições técnicas para isso, por ser um ano eleitoral, essa diferença será cobrada no próximo ano”, explica Côrtes.
Há ainda, prevista para o próximo ano, a cobrança do valor emprestado a distribuidoras de energia.
“Durante a crise hídrica no ano passado foi adotada a bandeira de escassez, mais cara que a vermelha, e isso não foi suficiente para bancar o custo das termoelétricas. Então muitas empresas alegaram que estavam no prejuízo. O governo, então, autorizou a contratação de empréstimos junto aos bancos privados e públicos e informou que a partir de 2023 será cobrada uma sobretaxa nas contas, exatamente para pagar esse empréstimo”, afirma o professor.