O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou que, em momento algum, se sentiu ameaçado no cargo ou recebeu pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para baixar o preço dos combustíveis.
“O presidente jamais, desde que eu estou nesse posto, me pediu para baixar ou aumentar preço de combustível”, disse Prates.
“Isso é muito importante que fique claro, porque o presidente é consciente desse papel. Ele não pode, ou pelo menos não surtiria efeito, chegar para o presidente da Petrobras diretamente e dizer isso. Esse movimento não existe”.
A declaração foi dada nesta sexta-feira (24), no Rio de Janeiro, em um encontro com jornalistas para detalhar o plano estratégico de investimentos da companhia nos próximos cinco anos.
Política de preços
Prates elogiou a mudança na política de precificação da empresa que, em maio deste ano, abandonou o preço de paridade de importação (PPI), implantado em 2016, durante o governo Michel Temer. Com o PPI, os preços dos combustíveis eram diretamente correlacionados aos altos e baixos do custo do barril de petróleo no mercado global.
“A gente não está mais no período da ditadura do PPI. Nós não estamos mais reajustando os preços em tempo real e em dólar, de acordo com a paridade de importação. Isso é uma prática comum a um país que importa 100% do seu petróleo”, afirmou.
“O que também não quer dizer – e ninguém nunca prometeu isso em campanha alguma, muito menos o presidente Lula – que o preço só ia cair. O que foi compromissado foi abrasileirar os preços, e isso nós fizemos. Nós trouxemos para a política de preço os fatores nacionais aos componentes, que são, inclusive, parte da nossa estrutura, que é produzir no Brasil. Esse fator faz diferença para a gente poder fazer ajustes em patamares. Isso dá estabilidade ao mercado”, salientou.
No entanto, Prates confirmou que conversa com o presidente Lula sobre o cenário e comportamento dos preços internacionais. “De duas em duas semanas eu vou a Brasília e converso, e acho que é necessário isso. [O governo] é o acionista majoritário da empresa.”
O preço dos combustíveis tem sido assunto que envolve outros integrantes do governo. Na sexta-feira passada (17), o ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira, reproduziu na rede social X (antigo Twitter) uma entrevista em que defendia queda nos preços.
“Fiz essa manifestação à Casa Civil. É importante, respeitando a governança da Petrobras, respeitando a sua natureza jurídica. Mas já está na hora de puxarmos a orelha de novo da Petrobras, para que ela volte à mesa e possa colocar com clareza”, escreveu o ministro.
Reunião em Brasília
O presidente da Petrobras afirmou também que não houve intervenção do presidente Lula na elaboração final do plano estratégico da companhia, que prevê investimentos de US$ 102 bilhões, o equivalente a R$ 500 bilhões.
Ele explicou que a reunião dele com o presidente Lula e ministros na terça (21) e quarta-feira (22), em Brasília, foi um pedido dele, Prates, que apresentou “os conceitos” do plano estratégico.
O CEO da Petrobras disse que, em nenhum momento, se sentiu ameaçado no cargo. “A gente tem que ter carapaça para estar aqui, tem que enfrentar boato, maledicência, pensamento, até fogo amigo, tem que enfrentar tudo. A gente está aqui para governar a Petrobras indicado diretamente pelo presidente Lula”, afirmou Prates, acrescentando que, este ano, a companhia atingiu vários recordes de operação e de valorização das ações. “Não me sinto ameaçado nem um pouco”, concluiu.
Edição: Juliana Andrade