A arrecadação federal manteve tendência de alta em outubro, com o valor de R$ 178,742 bilhões arrecadados. O montante é 4,92% maior do que o registrado no mesmo mês do ano passado, considerada a inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O resultado do mês de outubro foi o melhor desde 2016 (R$ 188,425 bilhões).
Segundo a Receita Federal, que divulgou hoje (24) os dados referentes a outubro, no acumulado dos 10 primeiros meses de 2021, a arrecadação federal soma R$ 1,527 trilhão, 20,06% a mais do que no mesmo período do ano passado e maior valor da série histórica iniciada em 1995.
Receitas atípicas
De acordo com análise da Receita, o desempenho foi impulsionado por fatores não recorrentes, como o recolhimento extraordinário de R$ 5 bilhões em Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL).
No acumulado do ano, a receita com IRPJ/CSLL é a segunda maior entre todos os tributos, encontrando-se em R$ 336 bilhões, cerca de 35% maior do que no mesmo período do ano passado. Desse valor, R$ 39 bilhões são resultantes de arrecadações atípicas (que não se repetirá em outros anos).
Em 2020, o acumulado de IRPJ/CSLL nos dez primeiros meses do ano foi de R$ 249 bilhões. A diferença expressiva está atrelada à recuperação da atividade econômica com o arrefecimento da pandemia de covid-19 e consequente recuperação nos lucros das empresas.
Em termos nominais, contudo, a maior fonte de arrecadação no ano, até o momento, se dá por meio da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e do PIS (Programa de Integração Social), que somam R$ 389,7 bilhões arrecadados.
Em relação à variação, a maior se dá por conta do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que teve alíquota majorada a partir do fim de setembro. Em outubro deste ano, houve aumento de 90,9% na arrecadação do tributo, cujo acumulado nos dez primeiros meses chega a R$ 39,5 bilhões.
Compensações tributárias
Após a divulgação dos números, o Secretário Especial da Receita Federal, José Tostes, destacou que o resultado de outubro poderia “ter sido ainda melhor”, não fosse o impacto negativo das compensações tributárias, que ocorrem quando o contribuinte utiliza créditos antigos obtidos junto à Receita para pagar tributos atuais.
Em outubro, foram compensados R$ 24 bilhões, enquanto que nos 10 primeiros meses do ano esse número chega a R$ 171 bilhões, alta de 22% em relação a 2020. Desse valor, R$ 80 bilhões são decorrentes de decisões judiciais, 77% a mais do que no ano passado, o que vem “impactando fortemente o resultado de arrecadação”, disse Tostes.
Matéria alterada às 12h29 para acréscimo de informações e para correção do valor do recolhimento extraordinário de IRPJ/ CSLL. O valor correto é R$ 5 bilhões, não R$ 36 bilhões como informado anteriormente.
Edição: Kleber Sampaio