O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, criticou a criação de uma moeda única entre o Brasil e outros países. Em um evento em São Paulo, nesta sexta-feira (2), ele avaliou a ideia como antiga e solução para uma questão que não existe mais. “Se você acredita no avanço dos pagamentos digitais e na digitalização de processos, você não precisa de uma moeda comum para ter essa eficiência comercial”, afirmou Campos Neto. “Mas os governos em geral ainda são muito analógicos.”
A declaração está na contramão do que tem defendido o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Nessa terça-feira (30), durante reunião no Palácio Itamaraty, com a presença de autoridades de 11 países sul-americanos, Lula sugeriu aos pares da América do Sul a criação de uma moeda comum para ser usada nas operações comerciais entre as nações do continente.
Lula defendeu a ideia de que as nações adotem estratégias para “aprofundar a identidade sul-americana também na área monetária, mediante um mecanismo de compensação mais eficiente e a criação de uma unidade de referência comum para o comércio, reduzindo a dependência de moedas extrarregionais”.
O presidente brasileiro apresentou outras nove sugestões, entre elas pôr a poupança regional a serviço do desenvolvimento econômico e social, mobilizando bancos de desenvolvimento como o CAF, que é o Banco de Desenvolvimento da América Latina, o Fonplata (Fundo Financeiro para Desenvolvimento da Bacia do Prata), o Banco do Sul e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).