O 6º Encontro Regional Fenabrave-MT, realizado nesta semana, em Cuiabá, debateu temas de grande relevância para o mercado de veículos, como a análise econômica para 2023, marketing digital e a importância da mudança de cultura de trabalho das empresas.
O evento que durou dois dias foi promovido pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores – Regional Mato Grosso (Fenabrave-MT), e reuniu 230 pessoas, entre empresários e funcionários do setor automotivo e de outras áreas.
A abordagem de assuntos de interesse do segmento neste momento é de suma importância, considerando o histórico recente de queda nas vendas causada, principalmente, pela diminuição da produção de carros devido à falta de suprimentos importados durante a guerra entre a Rússia e a Ucrânia e também pelos impactos da pandemia da Covid-19.
Expectativa positiva
Mas, embora o cenário econômico do Brasil ainda não esteja totalmente desenhado neste período de transição de governo, os economistas que participaram do evento avaliaram que a tendência é melhorar no próximo ano.
Especialistas em economia traçaram o futuro da economia global e nacional e avaliaram no que isso pode impactar para o mercado automotivo.
Na análise de Fernando Schüler, que é articulista da revista Veja e consultor de empresas, o Brasil tende a atrair mais investimentos de empresas internacionais, mas para isso precisa continuar fazendo algumas mudanças.
“Tem muita gente querendo investir no Brasil, porque é um país jovem, é um país democrático, e é preciso dar segurança jurídica de que a legislação não vai mudar toda hora que o investimento vem. As reformas estruturais vêm produzindo resultados interessantes”, analisou.
Queda na inflação
Já o economista Caio Rostirolla, que é especialista em economia internacional do Sicredi, avaliou que a queda na inflação é um ponto positivo para a retomada da economia.
“Uma boa notícia é que a queda da inflação no mundo está em curso. A inflação deve cair de 7% para 5%, é o que a gente prevê. Mas o mundo caminha para a recessão e o ponto positivo para o setor é que essa pressão começa a dar um alívio nas cadeias produtivas”, pontuou.
O crescimento do Brasil em 2022 surpreendeu até os mais otimistas, segundo Caio. No início do ano, a maioria dos economistas analisava que o Brasil cresceria 0,6% este ano e o percentual atingiu quase 3%.
Inovação
Na palestra Novo código da Cultura: Transformação organizacional em uma era de rupturas, o fundador da plataforma de conhecimento sobre gestão HSM e autor de best-sellers, José Salibi Neto, destacou que a única maneira das empresas terem sucesso é inovar e investindo em melhorias aos colaboradores, citando como exemplo a criação de um cargo de direção de Saúde Mental, na Ambev.
“O principal desafio não é a tecnologia, mas a cultura da empresa. A cultura errada destrói até mesmo as melhores estratégias. É preciso construir um modo de trabalhar que possa distinguir a sua empresa da dos seus concorrentes”, fundamentou.
Para ele, não basta investir em tecnologia se a equipe não está motivada e exemplificou como erro comum cometido pelas empresas que é investir mais em ferramentas materiais do que nas equipes. “Transformação cultural dá resultado. Tecnologia a gente compra, mas comportamento não. Às vezes priorizamos investimentos em equipamentos mais do que em pessoal”, afirmou Salibi.
O evento cumpriu com o objetivo previsto inicialmente, segundo o presidente da Fenabrave-MT, Paulo Boscolo, que era conectar pessoas que atuam no segmento, promover um valioso network entre os profissionais de diversas marcas. “Os nossos propósitos foram atingidos com sucesso”, declarou, no encerramento.
Especialistas
O encontro reuniu especialistas renomados e empresários considerados “cases de sucesso”, como Felipe Molero, que aos 14 anos já tem suas próprias empresas. Ele começou aos 10 anos e agora, além de tocar os negócios, ainda dá palestras sobre finanças e dicas nas redes sociais.
Também participaram do evento o presidente da Fenabrave nacional, José Maurício Andreta Júnior, que explanou dados importantes para o mercado de veículos automotivos e as perspectivas para o ano que vem.
“Em 2023, a gente não vai ter esses problemas que afetem tanto a logística. A falta de componentes, falta de chips, já está sendo normalizada e isso vai nos ajudar muito a ter o ‘just in time’ da forma como nós precisamos”, pontuou Andreta.
As concessionárias geram mais de 300 mil empregos diretos no país. O número representa o triplo da quantidade de empregos criados pelas montadoras de veículos.