Após quase duas semanas de negociações, a Cop30 foi concluída em Belém com a aprovação unânime de 29 documentos pelos 195 países participantes. O conjunto, denominado Pacote de Belém, delineia diretrizes para adaptação climática, financiamento, igualdade social e implementação de metas ambientais.
Entre as principais decisões está o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, mecanismo que prevê remuneração a países que preservam florestas tropicais. Mais de 60 nações já aderiram à proposta, que soma US$ 6,7 bilhões em recursos mobilizados. O projeto funciona como um fundo de investimento que devolve capital aos investidores, ao mesmo tempo em que incentiva a redução de emissões.
No campo financeiro, o pacote estabelece a meta de triplicar o financiamento global para adaptação até 2035 e reforça a necessidade de ampliar recursos destinados aos países em desenvolvimento, alcançando pelo menos US$ 1,3 trilhão anual de fontes públicas e privadas.
A conferência terminou com 122 países apresentando novas NDC, metas atualizadas de redução de emissões previstas no Acordo de Paris. Também foram apresentados 59 indicadores voluntários para monitoramento da Meta Global de Adaptação, envolvendo setores como água, saúde, ecossistemas e infraestrutura.
O Pacote de Belém reforça ainda a centralidade das pessoas na transição climática, com foco em populações vulneráveis. Pela primeira vez, afrodescendentes foram citados nos documentos oficiais. Além disso, foi aprovado um Plano de Ação de Gênero, que amplia orçamento e participação de mulheres indígenas, afrodescendentes e rurais.
Entre as iniciativas de implementação, destacam-se o Acelerador Global de Implementação e a Missão Belém para 1,5 °C, voltados a ampliar cooperação e acelerar ações de mitigação e adaptação. A conferência também consolidou anúncios como investimentos bilionários para agricultura familiar, saúde climática e restauração de áreas degradadas.
Apesar dos avanços, o Mapa do Caminho para o afastamento dos combustíveis fósseis não alcançou consenso. Ainda assim, mais de 80 países apoiaram o conceito, que seguirá em debate nos próximos meses sob liderança brasileira. A expectativa é que cada país formule sua própria estratégia, em modelo semelhante às NDC.
A presidência brasileira mantém o compromisso de aprofundar as discussões até novembro de 2026, quando encerra sua liderança na conferência.
