O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a decisão sobre a prisão de Jair Bolsonaro cabe exclusivamente à Justiça e que o processo seguiu os trâmites previstos. A declaração foi dada em Joanesburgo, durante a Cúpula do G20, após questionamentos sobre a detenção do ex-mandatário, ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes.
Lula ressaltou que não comentaria decisões do Supremo Tribunal Federal, mas destacou que o ex-presidente teve direito à ampla defesa ao longo de mais de dois anos de investigações e julgamentos. Segundo ele, a Justiça decidiu com base nas evidências reunidas durante o processo.
O presidente também abordou a relação com Donald Trump, que reagiu à condenação de Bolsonaro com retaliações ao Brasil. Lula afirmou que as decisões internas do país são soberanas e devem ser respeitadas.
Risco de fuga
A prisão preventiva foi determinada após indícios de risco de fuga, apontados por Moraes, diante da tentativa de Bolsonaro de violar a tornozeleira eletrônica e da vigília convocada por seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, próximo à residência onde ele cumpria prisão domiciliar.
O ex-presidente foi levado à Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal, onde participou de audiência por videoconferência. Ele alegou ter passado por um quadro de paranoia devido à interação de medicamentos, negou intenção de fuga e afirmou que não rompeu a tornozeleira.
A defesa tem 24 horas para se manifestar sobre a suposta violação do equipamento. Os advogados afirmam que a tornozeleira foi imposta para constrangê-lo e que a narrativa de fuga não procede.
O STF analisará a decisão de Moraes em sessão virtual extraordinária da Primeira Turma.
Condenação
Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses de prisão pela participação na trama golpista. A Primeira Turma rejeitou recursos que buscavam reverter as condenações, e o prazo para as últimas manifestações das defesas termina neste domingo.
A defesa solicitou prisão domiciliar humanitária, sob alegação de doenças permanentes que exigiriam acompanhamento médico, mas o pedido foi negado por Moraes. Bolsonaro já estava em prisão domiciliar por descumprimento de medidas cautelares relacionadas ao inquérito que investiga a atuação de seu filho Eduardo Bolsonaro em articulações com o governo Trump.
