A possível paralisação nacional dos caminhoneiros, anunciada para esta quinta-feira, 4 de dezembro, mobiliza atenção em todo o país, especialmente entre setores que dependem diretamente do transporte rodoviário, como o agronegócio. O cenário ainda é incerto, já que a convocação não conta com apoio unânime e enfrenta forte divisão interna.
O movimento ganhou força nas redes sociais após a divulgação de um vídeo feito por Francisco Dalmora Burgardt, conhecido como Chicão Caminhoneiro, que se apresenta como uma das lideranças da categoria.
Ele afirma que protocolou, em Brasília, uma lista de reivindicações direcionada ao governo federal, destacando que o ato pretende seguir a legalidade e que eventuais bloqueios devem respeitar o direito de ir e vir da população.
Entre os pedidos apresentados estão a criação de um piso mínimo de frete, o congelamento das dívidas dos caminhoneiros por 12 meses com possibilidade de refinanciamento, aposentadoria especial após 25 anos de atividade, linhas de crédito de até R$ 200 mil, isenção de IPI para renovação de frota e até a criação de uma vara judicial especializada em transporte rodoviário.
Apesar das demandas amplas, o movimento nasce dividido. Parte da categoria rejeita a paralisação por enxergar vínculos político-partidários em alguns dos articuladores. O desembargador aposentado Sebastião Coelho, por exemplo, defendeu publicamente que a greve inclua pedidos de anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro e aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro.
Lideranças tradicionais, como Wallace Landim, o “Chorão” — um dos nomes mais conhecidos da greve de 2018 —, criticam a politização e se recusam a aderir ao movimento.
A Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), que reúne nove federações e mais de 100 sindicatos, afirmou não ter recebido comunicação oficial sobre a paralisação. Segundo a entidade, não há indicativo de mobilização entre suas bases, o que amplia as dúvidas sobre o real alcance da convocação.
Ainda assim, outros representantes da categoria afirmam que as reivindicações não têm caráter partidário e refletem condições precárias enfrentadas pelos caminhoneiros.
Daniel Souza, que teve destaque na greve de 2018, afirma que a insatisfação da classe permanece elevada devido à baixa remuneração, dificuldades para cumprir legislações por falta de estrutura e falta de segurança nas rodovias.
A lembrança da greve de 2018, que durou dez dias e paralisou o país, ainda preocupa o mercado. Na época, houve desabastecimento generalizado e alta expressiva nos preços dos combustíveis, com registros de gasolina chegando a R$ 10,56 o litro em algumas regiões.
Hoje, com o litro já próximo de R$ 6,16 em média, especialistas temem que uma nova paralisação prolongada possa pressionar novamente os preços nas bombas.
Com falta de consenso entre entidades e lideranças, o país está com grande expectativa — mas sem garantia de que a paralisação irá, de fato, ganhar corpo.



















