O ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, Mauro Cid, movimentou R$ 3,7 milhões no período entre julho de 2022 e maio de 2023, de acordo com o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
Segundo o jornal “O Globo”, primeiro a publicar a informação, o Coaf avalia a movimentação como “incompatível” com o patrimônio de Cid. A TV Globo também teve acesso ao relatório. A função do Coaf é fiscalizar movimentações financeiras em busca de indícios de irregularidades.
Cid está preso desde maio. Ele foi detido em operação da Polícia Federal que investiga adulteração nos cartões de vacina de Bolsonaro e pessoas próximas. A suspeita da PF é que um esquema, do qual Cid fez parte, adulterou os cartões para beneficiar Bolsonaro.
De acordo com o relatório do Coaf, em 10 meses a movimentação financeira de Cid registrou R$ 2,11 milhões em débitos e R$ 1,63 milhão em créditos.
Como militar do Exército, o salário bruto de Cid é de R$ 26.239.
“Movimentação de recursos incompatível com o patrimônio, a atividade econômica ou a ocupação profissional e a capacidade financeira do cliente”, afirmou o Coaf.
Questionada sobre o relatório do Coaf, a defesa de Cid afirmou que todas as transações dele foram lícitas.
“Todas as movimentações financeiras do tenente-coronel Mauro Cid, inclusive aquelas referentes a transferências internacionais, são lícitas e já foram esclarecidas para a Polícia Federal”, afirmou a defesa.
Transações para o exterior
Houve também remessa de dinheiro das contas de Cid para o exterior, no valor de R$ 367.3 mil. Essa remessa ocorreu em janeiro de 2023, período em que tanto Cid quanto Bolsonaro estavam nos Estados Unidos.
O Coaf também escreveu que essa movimentação pode significar tentativa de ocultar bens.
“Considerando a movimentação elevada, o que poderia indicar tentativa de burla fiscal e/ou ocultação de patrimônio e demais atipicidades apontadas, comunicamos pela possibilidade de constituir-se indícios do crime de lavagem de dinheiro ou com ele relacionar-se”, afirmou o relatório.
Transações com terceiros
O Coaf, no relatório, destaca algumas pessoas com quem Cid fez transações. Uma delas é identificada como caixeiro-viajante.
Outra é o sargento Luis Marcos dos Reis, que trabalhava para Cid na Presidência e também é investigado pela PF.