Centenárias e jovens marcharam lado a lado em Brasília, onde quase 500 mil mulheres negras se reuniram para a 2ª Marcha Nacional. Entre elas estavam Maria Adelina, Valmira dos Santos, Maria de Lourdes e dona Maria dos Santos Soares, a mais velha do grupo, com 101 anos. As participantes viajaram de todas as regiões do país para cobrar reparação e reafirmar o direito ao bem viver.
A diretora-executiva da Anistia Internacional Brasil, Jurema Werneck, destacou que as transformações sociais dos últimos anos ocorreram enquanto grupos racistas também se reorganizaram. Segundo ela, a luta por reparação é legítima porque a construção do país teve protagonismo das mulheres negras.
Dona Santinha, como é conhecida Maria dos Santos Soares, participa de marchas desde os anos 1980. Ao completar 101 anos, fez questão de retornar às ruas acompanhada da filha e da neta. Orgulhosa de sua trajetória, relembrou episódios de discriminação vividos ao longo da vida, mas reconheceu avanços e reforçou a esperança em mudanças estruturais.
Valdecir Nascimento, representante do Comitê Nacional da Marcha, celebrou a presença massiva do público e a continuidade do movimento. Para ela, as mulheres negras são gestoras do impossível e seguem em luta, independentemente do cenário político.
As ruas da capital federal foram tomadas por arte, música, performances e símbolos da ancestralidade negra. Entre as participantes mais velhas, Jurema Werneck enfatizou que suas presenças servem como lembrança de que a luta é coletiva e permanente. Seja aos dez anos ou aos cem, o compromisso é ocupar os espaços sempre que necessário.
Dona Santinha resumiu o sentimento ao afirmar que cada gesto importa — uma pequena contribuição que, somada às demais, fortalece o movimento e a construção de um futuro mais justo.




















